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letra de natureza morta - pharrá

[verso 1]
tenho medo de ser foda igual van gogh
olho pro relógio e já são nove
nove da manhã de um amanhã que ainda é hoje
entre versos e cigarros eu nem vi p-ssar a noite
cinzas num pires, cafeína
eu me matando por essas rimas
louco e romântico varando a madrugada
cético e semântico nessa estrada
lapidando versos, diamante bruto
enquanto encaro a porta, isso é um surto
tipo meu silêncio, é um grito
não aprendi a amar, só tô versando a dor
preso a liberdade de ser quem quero ser
permaneço nessa vida padecendo pra crescer
motivo pra sonha, motivo pra viver
motivo pra sorrir, tem uma vida pra nascer
me vi tão distante entendi que o tempo voa
o último livro da estante pode ter uma história boa
e o que te prende ao chão insegurança, orgulho ou medo?
é o peso do teu sonho ou quem te aponta do dedo?
até onde “cê” quer ir pra conquistar o mundo?
uma a vida a construir, conheça o seu profundo
então licença aqui tenho tanto pra falar
e dizer que aprendi… se o mundo fosse me escutar

[refrão]
tenho boas intenções, mas de boas intenções
o inferno já tá cheio
já tá cheio
tenho boas intenções, mas de boas intenções
o inferno já tá cheio
já tá cheio
tenho boas intenções, mas de boas intenções
o inferno já tá cheio mano
já tá cheio
tenho boas intenções… é
eu tô no inferno

[verso 2]
embrulha o riso pra viagem, já é tarde pra fingir
insônia toda noite, tô sem tempo pra fugir
quem vê… tô pensativo
quem vê… pensa “tá vivo”
sem crer, sem ter motivo quieto eu sou nocivo
um p-sse pro p-ssado o tempo tá nublado
porra, hoje eu tô bolado a vida me -ss-ssina
eu quero dar uns tragos, pra esquecer o estrago
dessas mágoas que eu trago, e foda-se essa sina
ela quer me entender, mas não quer me entreter
eu já cansei de pensar vou mandar o mundo se fuder
hoje chove “finim” junto ao sol num fim da tarde
bocas não beijam por aqui, mas tem drogas “à la carte”
então sinta-se à vontade pra usar o que te mate
e depois que a onda bate a dama some e xeque-mate
vou “vazar” sem dar checkout, mas ela não deixa eu ir
tem vermelho no esmalte, no batom e na lingerie
no vestido e na vista tem vermelho até na pista
nessas luzes sinistra que a cidade administra
quando eu me senti vazio conheci o deserto interno
eu vou conquistar o céu por ter bagunçado o inferno
eu tô num inferno astral sou refém da minha escolha
carma não é só pro mal estamos presos nessa bolha
sonhar é uma aposta ninguém ganha nessa bosta
pensam tanto nas perguntas nunca vão ter as respostas

- pharra

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