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letra de carta pra luxúria - pharrá

[verso 1]
hey dama, sem drama
cê acha mesmo que me engana?
tá rendida na minha cama
disse até que ainda me ama
então senta e relaxa
satisfaz a minha tara
botei uns rap na caixa
ela pede uns tapa na cara
és bela, mas fela
donzela, sequela
não p-ssa de uma cadela
eu odeio amar ela
me afogo no seu af-go
e acabo no pecado
tô num mar de perdição
sobrevivente de um naufrágio
uma flor para uma flor
mas eu sou só espinho
da baixada ao arpoador
do arpoador para o meu ninho
eu que sou todo bruto
gostei do teu carinho
ela disse que eu sou puto
mas eu me acho certinho
021 é o rio
gata, cê tá no cio?
deve ser o frio
talvez esse seu fio… dental
esse seu corpo escultural
a intimidade com meu…
cê sabe que é casual
cê vem de piercing no umbigo
cabelo bagunçado
faz cara de safada
e dá um sorrizim’ de lado
mina eu tô na tua
nosso encontro é com a lua
fica linda de vestido
mas eu te prefiro nua
cê sorri diz que é eterno
mas vai sumir e deixar um inferno
eu sei que você volta
diz que não, mas sempre volta
não sei se isso tem cura
se é amor ou se é loucura
se é paixão ou se é luxúria
acho que é uma mistura
cê se faz de santa
eu finjo que acredito
me faço de apaixonado
cê finge que é recíproco
cê tá livre pra voar
eu já sou livre de costume
só que se eu colar com outra
você morre de ciúme
enjoa se eu grudo
reclama se eu não ligo
tu quer se sentir segura
mas adora o perigo
mina eu não te entendo
mas acho que eu te amo
só que eu não me rendo
que amar não tá no plano
tu seria só mais uma
sereia que me afunda
seria uma lacuna
uma paixão que não dura
nunca fui bom com romance
talvez essa fosse a chance
mas eu tô correndo disso
sempre sai no prejuízo
encontros escondidos
noites de sono perdidas
parar contigo foi um erro
o melhor erro da minha vida
mina da pele macia
eu com a cara amarrada
ela me acaricia
me alivia e me maltrata
nosso corpo sua
são mil sensações
brincamos com a carne
jamais com corações
meu romantismo é raridade
acredite em minhas juras
eu não sei falar de amor
fiz essa carta pra luxúria

[poesia na voz de drummond de andrade]

- pharra

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