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letra de passeio higiénico - peak pocket

passeio higiénico
fico perto
passeio higiénico
fico perto
passeio higiénico
fico perto
porque o tempo voa e odeio caos
não quero ir preso à toa
não quero ir preso à toa

não quero ir preso à toa nem ser autuado
já vejo a polícia do outro lado da rua
juro sou asseado
não come carne crua

e
e vim de máscara
e
e era a mais cara
e
higiene acima de tudo
mas agora só penso no mar
e vou até matosinhos a pé
contradição, perco a coerência
juro só lá bebo um café
fosse replicante era gajo pra ir e voltar em 15 minutos
blade runner ficou no ecrã
lágrima à chuva
azar
prefiro prevaricar
e não tеnho par
e não tenho car (car)
boavista abaixo
chego à anémona
cidadãos pendurados
dеsobedecem
recusam ir pra casa
pânico
cheirando o atlântico
marginal submersa
atlântida
fundo do mundo uma tasca porta entreaberta
entro ou não entro
entro ou não entro
de dentro a voz
“entre e alerta! o que quer o menino? aqui só take-away e cimbalino!”
chave na fechadura
serve-me o café em chávena
conta como deixou a guarda em sentido
à pergunta onde vai só disse
o que é que tem a ver com isso?
“com o papel da firma posso circular!”
guarda guarda guarda
ganda sarda
acha-me com sede
serve vinho verde
do bom
dom fernando
ganhei um amigo volto sempre
sigo no instagram
ramerrame
ramerrame
a água secou
vazia a marginal
carro da polícia
– ó seu marginal!
já o vi há uma hora atrás! identificação!
– tem razão, tem razão…
– mora na boavista o que é que faz aqui?
– xô guarda!
em matosinhos mato vinhos
cuido da avó
– cidadão está bêbedo e agora está detido
– xô guarda não, não
não quero ser condenado
já me sinto tão culpado
hoje pisei a linha vermelha no supermercado
no supermercado
no supermercado

passeio higiénico
fico perto
passeio higiénico
fico perto
passeio higiénico
fico perto
porque o tempo voa e odeio caos
não quero ir preso à toa
não quero ir preso à toa

- peak pocket

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