letra de décimo primeiro andar - paulo donaide
partilho informação em tom de poesia
em demasia, com maestria, nessa monotonia
um café pra acorda, o pão de ontem meio dia
levanto, deixo a louça da pia
lavo o rosto, deixo rola o disco
toca um som do vinícius, e lembro
“o amor só é bom se doer”
troco a agulha de lado, deixando o resto em p-ssado
preocupado é que os cachorro ainda tem que comer
roendo osso, faço um esboço no calendário
saio atrasado, tenho um horário a c-mprir
banzo lotado, indigesto, protesto, tumulto
é cansativo a vida de adulto
esgotado do trampo, bato o ponto e vou embora
sem ter noção nenhuma do que me espera lá fora…
finjo ser coeso, os pulso preso e a mente liberta
em lembranças vagas o peito aperta
libido desperta, ela ta aqui no ato pra suprimir
nem sei por quanto tempo, e se o tempo permitir
me da inspiração…
crio poesia nas batidas do coração / dela…
respiração ofegante, corpo quente
e aquela fita fica na mente
é meu delírio cada dose de endorfina
sinto a presença, isso já contamina (daí já foi)
casa vazia, silêncio…
só o barulho do vento na minha janela
um caderno, um suco velho, efêrmero
a única coisa que vejo é meu reflexo na tela / da tv
destilando parte de mim no papel
olho pro céu do décimo primeiro…
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