letra de mmxx, ou rap cabeça incrível - parteum
[verso 1]
alguns dos meus heróis já não respiram em seus corpos
transitam sem peso
senti-los é preciso feito absorver luz
eu sempre sou coeso ao determinar que a tinta que a caneta chora é mágica
seduz gente de pontos diferentes do universo
nem sempre eu fecho o verso, escrevo e quebro muros antes mesmo de gravá-lo no meu quarto
música é parto, então sou doula das palavras que equilibro em celulose, celular e pensamento
sentido e sentimento
no meu renascimento entre gente muito louca que ao saber quem nunca foi continua sendo nada
há quem diga que essa vida é programada, eu tenho dúvidas
o grave do que eu crio faz vibrar telas e tímpanos
esqueça seus rappers medianos
[verso 2]
ouvi dizer que as almas não têm nome, fantasmas não têm casa
se a aurora vira dia, eu vejo a hora na testa de cada um
me chamam de parteum
neto de chico e vira-bicho, lourdes e laudemira
o jogo é sempre afoito, sem milagre
cabeça de bagre, num corpo de ventania
pobre é quem segue com a mania de pisar no coleguinha
a rima é sempre minha e quando brilha vira pilha pra semana inteira
é possível que eu te queira bem longe
monge falastrão ou mc que não fala besteira
a premissa é verdadeira quando eu falo sobre amor ou prêmios de loteria
t’challa versus namor, água pra todo lado
o inimigo depende da posição e o meu legado é derrubá-lo, xadrez com capoeira na velocidade cósmica
quebro a rima em mil partes, desencapo fios de cobre, cobro a dívida no choque
aturo quem no pódio pra subir mentiu em série
[verso 3]
é mais fácil simular do que fazer de fato
aplicam o que eu já disse em outra base e outro tempo, mas a cor não bate
o cão que não morde e não late
no mato, esconde o osso e não reparte
no fim é todo mundo bacamarte, simão
é falta de visão ser vingador sem muito zelo pelo gesto do doutor estranho
pego a joia da alma e trago a minha mãe de volta
pego a joia da rima e faço escolta com instrumentais
escrevo livros com natais incríveis, moleques pretos vivos
a única polícia é a do sting no mundo material
o único governo é o da cabeça dançando com o coração
eu nunca penso em refrão, ou arte comercial
se cabe definição, eu faço sonhos se curvarem pra que eu mande em todos eles
corro com ancestrais, ando com anjos, rasgo a língua de demônios
chame de polinômios musicais esses produtos curtos
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