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letra de desvio na mealhada - nunca mates o mandarim

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sei de uma bela portuguesa
esculpida a dor e a calcário
volta de esbanjar a pobreza
pousa o maço na mesa
esconde as pastilhas no sacrário
truques banais, vive com os pais
sente que é demais
perita em contos do vigário
mais um part time noutro vai-não-vai
de quem tenta e cai
a recibos verdes
não tem salário

portuguesa desvairada
desvio na mealhada
água benta e bagunçada
põe o cravo na espingarda
portuguesa sai à rua
grita “a luta continua”
leva a palma na cintura
leva a alma crua, nua e portuguesa
portuguesa

mal se põе noite vai para o baile
põe o mеlhor xaile
perfuma o ar do seu desaire
já se faz tarde e ainda dança só por caridade
não tem rapazes da sua idade
portuguesa desvairada
desvio na mealhada
água benta e bagunçada
põe o cravo na espingarda
portuguesa sai à rua
grita “a luta continua”
leva a palma na cintura
leva a alma crua, nua e portuguesa
portuguesa

ela é vira, sirigaita, é concertina
desgarrada de improviso
rasga as sardas o sorriso
o que é preciso é saúdinha e formosura
a competir com as costuras do vestido
pouco sono e pouco tino, muito tinto
essa moça é água santa
ela é calda da rainha
ela é fina, ela não anda
ela passeia, burguesinha
sai à rua, faz a festa
refila, protesta, a rua é tua
protesta, a rua é tua

portuguesa desvairada
desvio na mealhada
água benta e bagunçada
põe o cravo na espingarda
portuguesa sai à rua
grita “a luta continua”
leva a palma na cintura
leva a alma crua, nua e
portuguesa desvairada
desvio na mealhada
água benta e bagunçada
põe o cravo na espingarda
portuguesa sai à rua
grita “a luta continua”
leva a palma na cintura
leva a alma crua, nua e portuguesa
portuguesa
portuguesa

- nunca mates o mandarim

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