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letra de a tulha - nando reis

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[verso 1]
sombras brotam sobre o chão, do alto sólido avião destoa (reflexo)
ondas valsão convulsão, o mar revolve pedra em grão, garoa (conexo)
cinco dedos cada mão, são cinco filhos, quatro irmãos na soma (convexo)
sinto medo sem razão, eu cismo tenso em aflição à toa (perflexo)

[refrão 1]
tudo penso, o pensamento é muito aumento, escuro, alento
que vai lento ali no centro está dentro e nunca sai
e as crias, a magia, nostalgia, -n-logia, alegria
ficou pra trás

[declamação 1]
vivo com nostalgia e tristeza a lembrança de minha infância
desconhecido medo e incessante sonho
ladeados no banho do dia a dia gélido e escaldante
s-xo elétrico em frêmito percorrendo o corpo
rio despencado como catarata do iguaçu paulistano
despencando do hemisfério morte do cérebro azul
como o sangue de um reis para o hemisfério cumbilical
feito avesso de nutrição e fezes
de reza-sopa-de-biblinha mais velocípede-roda-de-pipoca igual eu
nas pedras cor de tijolo e muro de canjiquinha
o mesmo eu
único de luto no féretro do peixe-morto ex-dourado
enfiado no caixão/caixinha de fósforo sepultado no cubocanteiro
ao lado da capelinha, dois solenes soldados butijões
empávidos a gazôsoluçar inaudíveis parcas lágrimas
evaporadas em pesar profundo
e eu, anelado pelo medo letal
medo de sempre, o mesmo medo
medo e medo mesmo de demonstrar o medo
de mostrar ter medo, de chorar por medo
de morrer de medo e dor, medor
secura potável na esponja encharcada
do meu pensamento infernal, do fogo do inverno
com o gozo do inferno
fui parido, não nasci e não nascido por não nascer
fui achado dentro de um coador de pó de café
jogado numa lata de lixo de metal sem tampa
pinto no lixo, me refestelei dessa solitária e inusitada condição
[refrão 2]
e as f-gulhas, as patrulhas, aleluia cuia-incúria
se borbulha, o milho a tulha que debulha
se ajoelha sobre os soltos poucos pobres grãos
eram sonhos, só sonhos
era carnaval
não tem hora pra acabar

[declamação 2]
ter pais que me deram nome e sobrenome, que me deram paz, paíz origem
gens de grãos torrados, moídos, coados, sorvidos da prata manjedoura
rubro cristo na encruzilhada de querer, mas não
morrer pelos pecados dos outros sem poder pecar os meus
e como pequei!
essa é a história de um pecador nãoscido no lado de baixo do equador
brasil, são paulo capital, jardim paulistano, rua santa cristina, 217

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