letra de polos opostos - mundo segundo
já me senti mais perto, mas já estive mais longe,
eu fui um jovem ontem e sou um homem hoje,
o tempo era lento agora p-ssa a correr
já vivi nesse sonho agora tento não adormecer
antes viver na luz do que morrer à sombra
antes pacificar do que ajudar a armar a bomba
tu sê mais criativo, do que compet-tivo
isso é imperativo isto é só um aperitivo
pra abrir o apet-te das consciências mais famintas
será que não vês a gravidade das armas com quais tu brincas
mano nesse presente não existe qualquer futuro
será que estas consciente do quanto isso te torna imaturo
encontrei-me um dia enquanto me perdia à medida que lia
tudo aquilo que escrevia foi um momento de magia
não chegaria até aqui sem decifrar os sinais
teria ficado pelo caminho, pelo caminho que tu vais
pra mim começava a noite, onde nascia o dia
o sol não espreitava, quase sempre chovia
sempre fui um sonhador, no bairro do pesadelo
uns tentavam cala-lo, eu tentava dize-lo
mil pulmões abertos, lábios cozidos fechados
o silêncio dos inocentes a gritos estridentes culpados
sou uma moeda com a mesma face em ambos os lados
sou calma da vitória e a fúria dos frac-ssados
em trajectória descendente, mas em constante ascensão
em modo permanente frente aos que raramente lá vão
eu subo e desço o degrau sem mudar de direcção
a escrita precisava de vida, eu dei-lhe o meu coração
eu dei-te a minha atenção e num momento de distracção
não percebeste que era real e não uma mera ilusão
o que é bom acaba rápido o que é mau permanece
essa lição o aluno jamais esquece
sei bem quanto custa, nada é gratuito
coração quente por vezes frio como granito
eu fiz alguns amigos, ganhei alguns inimigos
mas a maioria não me conhece, são os desconhecidos
são os comprometidos, com a desconfiança
pela conversa de adultos na boca de uma criança
sou uma mente forte embutida num corpo fraco
piloto sem avião, marinheiro sem barco
um momento esquecido num dia para sempre recordado
sou o trabalho de fundo por vezes subvalorizado
não vou fazer juízos, prefiro ser advogado
daquele que inocentemente por todos é condenado
minha riqueza espiritual paga contribuição fiscal
para sempre livre como um escravo do poder estatal
sou um comum mortal, o erro da virtude
aquele que morreu de sede frente à fonte da juventude
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