letra de era uma vez - mundo segundo
era uma vez um grupo de amigos
alguns dos quais já nem se encontram vivos
desconhecidos do mundo em geral
em mim desempenharam um papel princ-p-l
era uma vez um grupo de amigos
dos quais alguns já nem se encontram vivos
éramos miúdos sonhadores,
insurrectos mas com valores
alguns formaram-se doutores, advogados e professores
uns quantos jogadores e alguns independentes
agarrados a esta vida com unhas e dentes
amanhã o sol infelizmente não nasce para toda a gente
diz-me a morte sem face com a sua foice imponente
tu eras só um adolescente quando nos deixaste
perguntei-me vezes sem conta por que razão saltaste
seria a depressão das drogas ou drama da família
o rui maluco antes do suicídio tinha o vício de ler a bíblia
grande carlitos, o crânio, ninguém preenche o seu vazio
no dia que fez 18 apareceu morto a boiar no rio
o vilela da viela levou os pais à ruína
primeira droga que experimentou, aos 14, foi a heroína.
mano ibrahim o teu sorriso ficará para sempre
a boa disposição contagiava toda a gente
noites belas, aquelas, em que soprávamos velas
às vezes fecho os olhos, consigo imaginar-me nelas
vivo no mundo daqueles que partilham uma experiência
da dor vivida no interior duma sala de urgência
mas mesmo -ssim num desisti ou baixei os braços
ch-r-i e ri, frente a frente, a derrotas e frac-ssos
esvaziei uns quantos maços para matar a ansiedade
mas o fumo ainda era pior porque me matava de verdade
manos que c-mprem pena, visualizem-se nesta rima
quando saírem: moral, cabeça pra cima
o mundo dá oportunidades, cá fora à vossa espera
mas nem tudo são rosas, realidade sabe ser severa
para todos os que estão perdidos, sem rumo ou direção:
pensam naquilo que foram, comparem com o são.
ontem éramos uns putos e jogávamos à bola,
fumávamos às escondidas nas traseiras da escola
viajávamos à borla, quantas fugas ao pica?
corríamos a pé todas as ruas da cidade invicta
uns cestos nas camélias, o skate em matosas,
carrinhos de rolamentos, velocidades furiosas
nada de drogas, só pura adrenalina
por vezes um pouco de álcool, misturado com nicotina
o tempo foi p-ssando e já não nos vemos tanto
eu recordo-os mesmo estando cada um pra seu canto
tanto tempo após, pós estandarte da geração
em memória de todos aqueles que já partiram
nada se perde, manos, e tudo se transforma
e a batalha é infinita para quem não se conforma
desejo-te uma vida longa, saúde e sucesso
tu sê feliz, mano é tudo o que eu te peço.
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