letra de tcc - moura
[parte 1 – samurai do agreste]
uma vez eu sonhei que era rei do rap game
acordei e pensei: that’s kinda lame
lazy flow, same beats, lame shows, rimas non sense
qual o sentido de ser rei o desse game?
não sei, apenas sei que sou compet-tivo
hanibalizando beats e continuo faminto
canibalizando ouvidos apenas com minha intro
difícil compreensão? volta ao início
nosso princípio: carbono e oxigênio
nosso princípio: nitrogênio e hidrogênio
sensacional, o princípio universal é o mesmo
ninguém é especial. ingênuo ou um gênio?
contra a minha a tese, exercito o braggadocio
quando nada aquece o coração de um monstro
ela olha pra mim e já ri de nervoso
e ele olha pra mim com um sorriso escroto
minha habilidade oral é magistral
o instrumental é o cl-tóris, minha língua o c-n-l
reproduzo 7.1, não sou estereo
nem mono flow, me fala nego
qual é o seu critério?
o império dos fake contra-ataca
playboy que só ladra, cosplay de favela
pior que novela, da mente apaga
rima nada com nada, enquanto eu pinto telas
que deviam tá no louvre, cês só rimam estrume
acho o cúmulo, procuram c-me encontram túmulo
acúmulo do ridículo e a fan base que acostume
todo álbum é genial, que conceito estúpido
não sou guardinha de rap, só espero critério
senso crítico é mínimo, a cena virou circo, cês são tudo histérico
liguei pra meg e falei: eu quero um império
não de fama, sucesso ou excesso, mas pela rima que expresso
os prego cego grita prr e no final só sobra ego
só sobra ego
[parte 2 – moura]
tudo mudou no dia 2 outubro
2017, aniversário de vinte e uno
me sinto apático, preciso de um novo rumo
difícil ter pé no chão quando sua mente é em saturno
saio de casa atrasado, procuro um trabalho
diurno, taciturno ou noturno, que seja
só preciso de um destino que não termine em breja
prefiro em beijos, e que -ssim seja
por ela eu trabalho 12 horas na frimesa
não sou o único da linhagem, então cartas na mesa
minha bisa indígena, escrava de família portuguesa
provavelmente estuprada, dá a luz a cena
uma filha b-st-rda, minha vó paterna
enquanto isso minha vó materna chorava
o marido foi pra brasília, nunca voltara
essa mistura de história trágicas formou meu carater
personalidade, filosofia, identidade
limparam o caminho para minha prosperidade
então abram-se as alas, eu cheguei pra traçá-lo
por essas e outras, é que eu busco um legado
para preencher as lacunas do meu espírito oco
meus gritos ecoam no corredor e eu fico rouco
a perna bambeia, o coração acelera, porra
a gente perde, levanta e tenta de novo
não acredito em meritocracia, quero que essa porra se foda
mas eu tento vencer na vida, mesmo que eu morra
mesmo que o sangue se misture com o suor
e no final tudo escorra
altos e baixos, a criança machuca-se na gangorra
todo rapper alega ter uma vida sofrida
reclamador profissional, essa é a função do artista
paradoxos formam-se, segue a lista
um iconoclasta cl-ssicista, estoico e hedonista
que procura riqueza mas de forma simplista
após divagar, me recordo de tempos idos
rodando em círculos, volto ao princípio
-ssisti de camarote a morte do meu irmão
vi minha mãe ser forte enfrentando a depressão
ela virou artesã, transformou a dor em arte
então eu luto contra a solidão que inunda meu coração
rezo para que do meus pais eu nunca perca a amizade
e que nunca nessa vida eu cause decepção
e o que falar da academia?
essa engrenagem prussiana em estado de letargia?
temer as autoridades em troca de sabedoria
tornar-se um lacaio por um pedaço de papel
ensino atrasado que prejudica a periferia
que suga nossa alma, acaba com nossa vida
penaliza gente sofrida, dolorida e enaltece parasita
qual o significado de contrakademico?
é um personagem tirado de um mundo cênico
criado pela minha mente rebelde e insegura
que busca de uma vez justificar suas loucuras
quero criar o meu caminho, autodidata
nunca se render nem se corromper pela indústria
mas não busco o underground, busco as m-ssas
mantendo a integridade, isso me causa um imp-sse
os becos da minha mente formam labirintos
procuro uma bússola para caminhos precisos
engulo seco, me encontro perdido
desencontro, atento, flashback
to na mustardinha, eles enrolam beck
mescladinha, reparo o estresse
o suor desce, aquece o couro
chumbo escorre, renasce ouro
[parte 3 – contrakdemico]
tudo que eles querem é nos calar
eles querem nos calar (x2)
mas eu falo mesmo -ssim, pé na porta, o que esperas de mim?
ser mais um escravo? preso num ciclo sem fim
abraços ternos formam momentos eternos
multidões num atraso perverso refletem no espelho convexo
“não consigo me reconhecer, deixo a alma perecer
independente do que acontecer, não consigo vencer”
isso que o demônio me fala todo dia
cartas na mesa, demô-cracia elitista
fácil ser meritocrata numa aristocracia
kratos é mais que um jogo (quem diria)
poder para o povo por meio de linhas anarquistas
aqui o discurso nunca será materialista
saiba diferenciar celebridade de artistas
não siga as kardashians, valoriza tua vida
respeite a si mesmo e a sua vivência empírica
minha vida nas rimas, minha dor nas melodias
expurgando demônios e executando facínoras
a caneta sangra e o resultado fascina
nos breves momentos em que a carne amacia
o lábio ama e te reconecta com a vida
tudo que eles querem é nos calar
eles querem nos calar (x2)
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