letra de cassino de malandro - moreira da silva
lá no meu c-ssino, tipo mal acabado,
desengonçado pela ventania
lá não cessa o vira-baixo noite e dia,
dando trabalho à
delegacia
se o otário ganha, vai sair daquele jeito,
porque entre malandros isto é falta de respeito
tem peteleco, teco-teco, solinjada
quando a jungusta chega nunca houve nada
aqui são todos camaradas
– pode entrar, doutor. a casa é sua.
são estivadores, trabalhadores da borracha –
na ronda sou rei, vou lhe explicar porque falei,
muito considerado, escutem só o meu babado…
mata, tripa, esfolha, e -ssim fico
esperando o freguês, porque o otário não tem vez.
tenho um bom golpe, e no baralho
conheço todos os cortes. não admito
que algum vargulino vá lá no meu c-ssino
soltar o fricote – eu pulo logo no cangote
tenho bons parceiros, sempre cheios de dinheiro
no meu famoso c-ssino, lá também dá bom grã-fino.
promovo a bebida, e no final da partida
o otário é quem perdeu, e quem ganhou tudo fui eu.
tenho licença, faço e desfaço tudo com inteligência.
tenho um criado, que fica a noite inteira no alto da pedreira
fazendo o sinal:
“fiiiii – corre pessoal! e vem a turma da central!”
que quando chega baixa o pau.
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