letra de vê com os meus olhos - mono stereo
[estrofe i: mono stereo]
mantenho-me fiel as coisas que narro
fiel como a escuridão cá do bairro
reivindico ainda -ssim o vizinho não me entende
até mandar um puta que pariu pra ele e a ende
para os putos que cantei no becos, nos veremos
um dia
a bófia chegou só perguntou depois da razia
meus sentimentos a família, a vida continua
em casa não tá fácil, tampouco na rua
e no meio de tudo isso surgem artistas criativos
abrindo pernas de um futuro metaforizando com livros
aqui só a vela resiste ao corte de energia
e o amanhã reserva uma consulta de oftalmologia
e cada vez mais míseros a gente caminha
sem dinheiro pra o pão tão pouco pra a camisinha
mas há quem diga, mas há quem diga que tá tudo doce
do outro lado, sem hesitar responde a gravidez precoce
[refrão]
o sol nasce mas ainda não brilha aqui
se tens dúvidas então vem para aqui
ontem a noite ainda morreu alguém aqui
se tens dúvidas então vem para aqui (2x)
[estrofe ii: mono stereo]
falta iluminação aqui, disso ninguém fala
da água que não corre água, dos corpos achados na vala
quem olha, quem se importa com a parede que desaba
com as mães que só veem os filhos quando a chuva acaba
com o corpo debaixo da parede
entrega tudo a deus e a vida segue
a vida segue sim, isso é uma certeza
a vida segue sim, mas sem comida na mesa
a verdade é que a realidade continua feia
o agente policial aqui ainda pontapeia
semeia o ódio que sobra entre o irmãos
instala o caos, nascem os lobos maus
uma guerra que transcende pedras e paus
e -ssim, termina um sonho
acaba em velório, o futuro risonho
[refrão]
o sol nasce mas ainda não brilha aqui
se tens dúvidas então vem para aqui
ontem a noite ainda morreu alguém aqui
se tens dúvidas então vem para aqui (2x)
[estrofe: khris iii]
tudo às escuras mas a gente já não tem medo
o caminho para casa é um perigoso beco
tomamos banho à chuva por quase não temos tecto
e quem deve mudar a situação de onde moro nem p-ssa perto
franzes o sobrolho para intimidar com aparência severa
vê com os meus olhos, e não tentes tapar o sol com a peneira
homens comem a noite e saem a sorrateira
de dia crianças viram mães e a culpa morre solteira
e esses guetos são iguais vivem os mesmos problemas
desigualdade social jovens presos na bebedeira
grades em residência já parecem cadeias
nossos lares são trincheiras travamos uma guerra
esperança nos mantém em pé, o dia-a-dia mata sonhos
educação, saúde e água, quero um futuro risonho
vivemos o fala angola e os factos não mentem
aqui não precisas de câmera para veres na lente
[refrão]
o sol nasce mas ainda não brilha aqui
se tens dúvidas então vem para aqui
ontem a noite ainda morreu alguém aqui
se tens dúvidas então vem para aqui (2x)
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