
letra de estância - matheus pimentel nunes
nos teus galpões de fogo grande e silêncios
nas tuas palavras de silêncios pelas horas
e os teus idiomas, teus olhares e teus vultos
que emalam ponchos, tomam mate, calçam esporas
quantos olhares pelas formas da manhãs
despem encontros, pelas horas de um espaço
e esperam o tempo dos buçais nas mãos canhotas
e empurram sonhos contra os tentos de algum laço
que tantas vezes foi a luz de alguma armada
sorrindo viva, num horizonte de sol claro
talvez num tombo sob os olhos da mangueira
que troca o mundo, pelos mandos de um pealo
e tua gente a caminhar chapéu tapeado
por esses campos de saudades, céu inteiro
parte de ti dos teus encantos, vida a fora
de cola atada, o trote manso pra os campeiros
e os teus caminhos de invernada e campo aberto
teu universo, muito além de um sol de ouro
onde no fundo, de um rodeio, tropa grande
vive o distante na voz rouca de algum touro
e as tuas paredes de retratos desbotados
amarelados pelas horas da razão
fotos de ontem, de um passado, de outros ventos
que o próprio tempo batizou de tradição
o mesmo sangue dos teus filhos, de outros filhos
sombras que habitam e que habitaram tua distância
faces de ontem, novas faces do teu mundo
alma do campo batizada de estância
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