letra de guma - maria beraldo
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havia um marinheiro, todo de branco, vindo pela avenida, andando naquela ginga, e com aquela aura esperançosa e dura. eu o olhava fixamente, embora não me desse conta disso, desejando ser ele. o marinheiro parecia – de algum modo – mais jovem do que eu jamais fora, e mais belo, e ostentava sua masculinidade de modo inequívoco, tal como exibia a própria pele
ele me fez pensar na minha própria casa
eu sabia de que modo ele bebia, como ele era com os amigos, o quanto o sofrimento e as mulheres o deixavam perplexo. eu me perguntava se o meu pai algum dia fora daquele jeito, se eu próprio já fora – embora fosse difícil imaginar, para aquele rapaz atravessando a avenida como um raio de luz, quaisquer antecedentes
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