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letra de ipiranga - marcello gugu

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[verso 1: marcello gugu]
o sol nasce no ipiranga majestoso igual don king
treinando cada guerreiro pra ser o melhor do ringue
swing de quem, não teve nada de bandeja
aprendi no meu bairro que quem não reage rasteja
de paixão que lampeja a promessas de ternura
terra dos pais ausentes e gravidez prematura
da onde eu venho se vive o momento
e num xadrez feito de peões o único rei é o tempo
meus heróis são arriados em toques de alujá
e tragédias gregas crescem vestindo c&a
barulho de cg, cuba libre e rebeldia
ensinaram que sonhos são nossa melhor companhia
função na pizzaria biriri, da nokia
fichas criminais sujas de vinhos de paroquia
velhas fofoqueiras inflamando problemas
e cada vez que riscam um fosforo acendem poemas
cada esquina em silencio guarda um flerte de horas vagas
desabafos solitários de bebuns afloram chagas
boteco não é escola, mas meu bairro criou
um professor em cada bar que conta o que a vida ensinou
entre restos e rostos moram crenças e vícios
vim do bairro onde sonhos são maiores que sacrifícios
onde o asfalto se mistura com as ruas de terra
e nas quermesses de junho trocam-se historias de guerra

[refrão]
seja bem vindo onde seu suor tem valor
e sob a benção de deus parte o trabalhador
seja bem vindo ao ipiranga heeey
seja bem vindo ao ipiranga
onde crianças são anjos entre n0bres vagabundos
e o fim do mês -ssusta muito mais que o fim do mundo
seja bem vindo ao ipiranga heeey
seja bem vindo ao ipiranga

[verso 2: marcello gugu]
somos poemas pra ninguém, tradição oral de um povo leigo
infernos individuais dentro de olhares meigos
ráfia e farrapos, luzes na cursino
quentes como o sol nossos beijos selam destinos
camafeu de ilusão feito de arsênico e benzina
sofá coberto com plástico e enquadros de rotina
pancadão rola nas caixas, duelo, polo listrada
tubaína em saco plástico e sam remí gelada
eternas festas de quebrada e o trabalho? que se foda!
você tá no ipiranga vem curtir a noite toda
traz os fardos, liga o som, goró cor caramelo
chama as gatas e vê vilão se emocionar ao som de belo
anos atrás, sampa crew e sidra cerezer
no black da vergueiro na busca de um affair
das minas mais recatadas até as mais sem vergonha
foda-se amsterdã a gente tem a melhor maconha
aqui pinos são cifrões e fortuna se faz
de sonhos destemidos que morrem jovens demais
nossa chance é fugaz e mães que esperam o pior
enquanto caímos de amor por uma vida melhor
meu bairro é a prece e a blasfêmia a cruz e a espada
onde poucos vivem por algo e muitos morrem por nada
eu amo minha quebrada, mas o mundo moderno
faz minha vila ser mais quente que a cozinha do inferno

[refrão]

[outro]
salve! sejam bem vindos ao ipiranga, onde o melhor dia é o hoje e o agora é uma dádiva chamada presente. onde os raios de sol são brilhos afiados que exaltam os ânimos, os vícios e as virtudes de cada um, e aonde o bem e o mal são pontos de vista. meu bairro é a loucura dos amantes, a rotina dos casais e aonde os orixás dançam garantindo a festa da vida em cada amanhecer. o show dos contrastes e da vida simples, onde gambiarras fazem pontes para se alcançarem sonhos. saia para ganhar o mundo, mas não se esqueça da sua quebrada porque se um dia você precisar voltar, que você volte de cabeça erguida e ela te encontre de braços abertos. ’

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