
letra de de coração aceso - mão morta
chegaram os tempos indignos da morte e da loucura
tomado pela vertigem
danço sobre os destroços do futuro
ébrio de sangue e de lágrimas
num rodopio interminável
que me arranca a carne
e queima os ossos ainda delicados
o vento arrasta-me contra vontade
para a cidade morta
esse vazio varrido pelos vendos
sem sol, sem lua, sem estrelas
apenas um riscar de fósforo
sobre o manto negro da noite
onde vagueiam os abismos da embriaguez e da dor humana
ouvem-se os sons de comboios
a fuligem de ossos queimados
e as crianças que falam com as suas mães
seguram entre as mãos
o coração dos inocentes
da cidade vejo ainda o lugar
de todos aqueles que se foram
e o das crianças
que são especialistas na matéria
seguram entre as mãos
o coração dos inocentes
nem um só homem se aguenta de pé
no mutismo da cidade
e as crianças
que há muito que pararam de brincar
seguram entre as mãos
o coração dos inocentes
com sangue do meu coração
ficará manchado o caminho
porque só as crianças mantêm a mente intacta
e só com carícias se pode apagar um coração a arder
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