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letra de a minha amada - mão morta

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acordo com o doce rosto da minha amada a olhar para mim
ao vê-la, sinto uma tão grande felicidade a percorrer-me o corpo
que fico trémolo, incrédulo
seguro-lhe a cabeça entre as mãos, depois no (?) de ternura, puxa por mim, para abraçar
quero apertá-la, senti-la, sentir-lhe o corpo, o calor do seu corpo quente
quero cheirar-lhe os cabelos que se entrelaçam na minha cara
pegar nas suas mãos
“há tanto tempo…”, digo-lhe
“há tanto tempo, deixa-me abraçar-te, sentir-te, saboriar a felicidade deste momento. eu podia ficar -ssim, aqui contigo, para sempre!”
ela junta o seu rosto ao meu, beija-me levemente os lábios
eu beijo-lhe os lábios, a pele macia do rosto, o pescoço
quero apertá-la mais ainda, fundi-la em mim, julguei que nunca mais haveria, que nunca mais lhe iria tocar
solto um suspiro profundo, de alívio, de (?)
“o meu amor voltou! tive tantas saudades tuas!”, digo-lhe
“nem sei como consegui sobreviver! mas não interessa. o que importa agora é o momento presente, a felicidade de estar aqui, de te ter entre os braços, de te apertar e cheirar e beijar, de te amar.”
e suspiro uma vez mais
sem palavras, sem desejos apenas embalado pelo intenso bem estar que me toma e que não quero desperdiçar
mesmo a morte me parece já algo de agradável, de delicioso
morrer nos seus braços (?) do seu amor, poderá haver maior ventura?

os seus longos beijos omentes(?), excito-me
acaricio-lhe a pele, as costas, os seios
quero movê-la, lambê-la, tocar-lhe
quase sem darmos conta de fazermos da roupa que nos cobre o corpo e mergulhármos na sua exploração
a língua, servindo de guía pelos acres sabores das suas partes mais íntimas
o prazer, como bandeira redentora
“meu amor…”, digo-lhe
“penetre-me…”, diz-me ela com a voz rouca de desejo, “tresp-ssa-me com força!”
e puxa-me o s-xo para a sua v-g-n- húmida, (?) húmida e sôfrega
mal a penetro, sinto os músculos v-g-n-is a apertarem-me o membro, impedindo os movimentos
e a (?) a ser sugada por contrações desconhecidas como de uma garganta sufocada
não me lembro de antes alguma vez isto ter acontecido, mas é demasiado bom
(?) dos gemidos, num crescente incontrolável e o s-xo (?) inflamado a rugir pelo arrebentamento
e quando, finalmente, se dá o -rg-smo, é como um grito de libertação, uma explosão de todas as tensões ac-muladas, que me deixa (?), de forças e creres/quereres

semi-abro os olhos, para sorrir à minha amada e ver-lhe a beleza do rosto (?)
mas, de uma desfragmentação repentina, ela surge-me com a forma de um extraterrestre, como inseto gigante, de enorme e medonha cabeça
dou um salto para trás, surpreendido e -ssutado
“o que é isto? que és tu?”
o inseto agarra-me e segura-me com as suas longas patas dianteiras
depois, aproxima as mandíbulas do meu corpo e recolhe as poucas gotas de esperma que ainda luzem do prepúcio
apesar da minha resistência, abocanha-me o s-xo e chupa-o
tento fugir, mas as suas patas seguram firmemente
dou-lhe murros na cabeça enquanto grito:
“larga! deixa-me! que nojo!”

sinto-me, verdadeiramente, enojado com aquele bicho de horrível cabeça, mergulhada nas minhas pernas
vulnerável, na minha nudez, quero sair dali, fugir
mas não consigo
o inseto (?) p-ssa-me a longa e asquerosa língua pelo todo corpo
penetra o -n-s, as narinas, a boca
estou cada vez mais enojado
sinto as entranhas a envolverem-se dentro de mim e, num súbito espasmo, solto um jato de vómito sobre o monstro
este, surpreso, engole todo aquele líquido fétido com voraz apet-te e morde-me o ventre como (?) na busca de mais alimento

o sangue começa a correr-me pela pele, perna(?) de baixo
o monstro, encantado, lambe-o e morde mais no peito, nos braços, nas costas
é estranho
mas não sinto dores
é como se estivesse imune à dor física
apenas vejo as mandíbulas a arrancarem pedaços de carne e o sangue a correr e a borbulhar em (?) regulares
já nem forças tenho para resistir
de repente, como se me encontr-sse fora de mim, a olhar para tudo a partir do exterior, observo o inseto a decepar-me a cabeça e esta a rolar pelo chão como uma bola até desaparecer de vista
acho que foi o meu fim
que foi -ssim que morri
mas não tenho a certeza
pareceu-me, ainda, ouvir a minha amada dizer:
“amo-te”
mas pode ter sido uma alucinação

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