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letra de canção infinita - manuel fúria e os náufragos

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[letra de “canção infinita”]

hei-de ser velho e cantar
quero ser velho e cantar
standing on a beach
de frente prò mar

um filho em cada ruga
outra vez, noutro lugar
pr-nunciando a mesma palavra
tocando estes acordes da mesma lavra

basta ser novo pra cantar
basta querer muito e cantar
a mesma vontade de amor
a sede, a guerra, a tensão
o mesmo refrão da mesma canção
this is why events unnerve me
they find it all, a different story

sou um ladrão, sou um ladrão
sou um ladrão, sou um ladrão

daqui a muitos anos irei dizer
na minha vida nunca fui capaz
de ver as coisas com outros olhos
amar as coisas com outros olhos

e agarrar
o mundo pelo pescoço

com estas mãos, com estas mãos
com estas mãos

no entroncamento que habito
apenas fui capaz
de escrever o mesmo refrão, a mesma canção
as mesmas duas notas, a mesma variação

sou um ladrão, sou um ladrão
sou um ladrão

mas antes que tudo acabe, diz-me -ssim:
“boa noite, doce príncipe
a música terminou”

“boa noite, doce príncipe
que não chegaste a ser rei
a música terminou
mas a canção não acabou”

ficávamos sentados na cama do meu quarto na casa de santo tirso
o sol punha-se por trás do estádio de futebol
e das casas e dos campos lavrados e dos montes castanhos
seria aquele tempo mesmo antes do verão
mas que na memória fica a parecer o outono

isto foi tudo há muito tempo atrás
tanto quanto o meu primeiro dia da primeira cl-sse
a morte da minha avó elisa, o benfica campeão
o beijo na boca da inês à noite na margem daquele grande rio
ou o nascimento do meu primeiro filho

ouvíamos em silêncio religioso o grace do jeff buckley
o too many days without thinking dos swell
o disco da ponte dos red house painters
coisas dispersas do nick drake
do adrian borland que não gostavas tanto
e outras que já não me recordo

trocávamos livros, trocávamos discos
ainda tenho o dvd dos pavement para te devolver
conversávamos sobre autores russos
sobre o português e existencialismo do vergílio ferreira
e líamos textos em voz alta, coisas que escrevíamos
pequenos contos e outras composições
tão pretensiosas quanto ingénuas
tu eras sempre mais ortodoxo
provavelmente preferirias usar a palavra “clássico”

eu tinha a adolescente mania de inventar
sobre o que já tinha sido inventado
e gostava de ouvir as minhas coisas em voz alta
embora pressentisse já a tua inclinação
para que reserv-sses para mim solidão
semelhante à que te tinha feito escrever

“boa noite, doce príncipe
que não chegaste a ser rei
a música terminou
mas a canção não acabou”

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