
letra de a elegia das grades - luis de freitas branco
a fome, um dia, arrastou-me
para as grades da prisão:
sou o b-st-rdo sem nome
o deserdado sem pão!
meu ar é dúbio, suspeito:
vinte prisões conto já
vinte facadas no peito
na alma quantas não há!
ninguém me quer, sou da vasa;
n as minhas carnes espúrias
marcaram, a ferro em brasa
tatuagens rubras de injúrias!
quando eu canto, o povo em massa
chora ouvindo a minha voz;
novo camões da desgraça
canto a dor de todos nós!
nas lajes do corredor
ressoam passos… quem vem?
ferrolhos, chaves, rumor…
encarceraram alguém!
ferros de el-rei! que ironia!
soubesse el-rei da traição
e caridoso viria
dar-nos lágrimas е pão!
aqui, em torpe igualdade
anicham-sе os pais e os filhos;
cabeças fora da grade
famintos e maltrapilhos!
a sombra, espertando o instinto
espessa de ardis, oprime;
abismam-se as almas … sinto
correr-me a larva do crime!
noites de febre e miasmas
de delírios e cruezas …
perpassam brancos fantasmas
brandões, fogueiras acesas!
aos areais da desgraça
lançou-me torva maré …
vejo toda a minha raça
ardendo em autos-de-fé!
adeus, a noite vai alta!
por entre névoas, mui cedo
vou de súcia com a malta
na leva para o degredo!
que importa morrer de todo
nos ermos de água sem fim?
eu já morri de algum modo:
sou a lembrança de mim!
saudades, brumas, acenam …
eu, no escuro, a murmurar:
«- os crimes dos que condenam
nem o inferno os quer julgar!»
çala a tua alta epopeia
o povo de pedro sem!
maré cheia, maré cheia
já se não salva ninguém!
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