letra de quando um mata mas os dois morrem - lisandro amaral
“o punhal no sangrador, pele de encontro com o couro. e por um simples instante dois corações batem juntos num estertor crepitante. um vai morrer. já e pr-nto. mas no peito do que mata, mas no peito do que mata, o coração morre um pouco.”
um é cavalo o outro é homem
o centauro da planura
dois seres fundem-se em um
por isso a faca que mata aquele que está quebrado
mata também um pedaço da alma do que matou um ser sem pecado algum
o pecado sugerido é ter nascido cavalo
é saber que a humanidade o chama de irracional
ser taxado de animal por quem rouba, estupra e mata
sem ter desculpa maior que uma mente racional
dizem que bicho não pensa
mas homem será que sim?
sou eu quem trabalha duro
mas a ponta desta adaga termina cravada em mim
e o meu bom deus que comanda
ou não gosta de cavalo, ou gosta da coisa -ssim
“e morrer… e morrer é o de menos, há coisa muito pior… ser espancado, ferido, machucado e ofendido por quem usa seu esforço para sustento e lazer. o cavalo, o cavalo então pergunta, pois necessita saber”
dizem que bicho não pensa
mas homem será que sim?
sou eu quem trabalha duro
mas a ponta desta adaga termina cravada em mim
e o meu bom deus que comanda
ou não gosta de cavalo, ou gosta da coisa -ssim
mas no peito do que mata
se for gaúcho e campeiro
fica cravado uma estaca
mais mortal que a punhalada que sangrou o companheiro
dor da perda de um amigo
de aliviar sofrimento -ss-ssinando o parceiro
dizem que bicho não pensa
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