letra de batismo - lisandro amaral
com incensos de aroeira e salmos de uma milonga
água benta de cambona e um clarão de lua inteira
longe dos templos de ouro, barro uma quincha pagã
pelegos, tiras de couro, me batizei entre os touros
com ungidos de pic-mã.
meu batistério, o galpão
guerreado pelos minuanos
vento do sul soberano
minha primeira oração
depois, para os males do corpo
peguei a cuidar da alma
fervendo infusões de campo
com jervas de viernesanto
silêncios que a dor acalma.
na flor das mãos, o calor, da queimadura do laço
o batizado machaço dos que não tem tirador
me benzi de invernos grandes, para cruzar “las selladas”
depois que a junta se entangue, mistura geada no sangue
já não se sente mais nada.
seguia o gado que berra, numa culatra de tropa
da poeira que o casco solta e cobre o manto da terra
iluminei de mandados, cruzadores de tormenta
havia a força dos descampados, que um raio sobre o alambrado
mestre de angico arrebenta.
e -ssim me tornei cristiano, e -ssim que me reconheço
em minhas orações, paisano, cada milonga é um terço
cada rancho é como um santo, por mais humilide meu templo
juntei nada e juntei tanto, nestes batismos de campo
na solidão do meu tempo.
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