letra de lavrando defuntos - lamúria abissal
o solo do coração de um homem é pedregoso
empedernido, misterioso
um meticuloso terreno rachado, ressacado
assim como os dias banhados por esse sol
o sol de meu cansaço, meu rechaço
do labor de minha derradeira vida
o sabor da agonia suicida
nessa terra nada cresce
nada se mede, nada impele
nada além de secura
e miséria
aqui semeio em muito a morte
e minha má sorte, irreverente consorte
jamais me abandona еm minha eterna má fé
não em dеus, aqui ele nunca deu o ar da graça
só desgraça, deslavada
a maior ironia seria pensar
em algo vivo aqui cultivar
nessa terra nada cresce
nada se mede, nada impele
nada além de secura
e miséria
além desses horizontes, existe um onde
além dos montes, após de onde é longe
onde a vida cresce e germina
nada minha, não a minha
onde estou tudo cresce sem vida
prolonga a morte, agoura a sorte
de qualquer um que insista em aqui viver
por medo de morrer, à terra pungir
cá estou de luto absoluto
velando defuntos, dos quais nem conheci
cá estou irresoluto
me doendo pela chaga
aberta nessa terra de meu coração
e cada ferida sangra
em um eterno enrubescer
numa eterna angustiante moção
incontinenti e exasperadora
que é a dor que se perpetua
dessa terra de meu coração
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