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letra de vem ser meu coache - kalew nicholas

[áudio – startup da real no podcast gap]
gosto muito de um livro que eu cito bastante, que é sociedade do cansaço. e ele é um livro que fala muito sobre essa nossa sociedade moderna onde precisamos trabalhar cada vez mais, é uma sociedade de desempenho, onde se você não dá tudo que tem você não merece ter nada…

[intro]
eu entendo que coaching é só uma metodologia
que transformou tua vida
mas e se isso tudo for bem maior que um band-aid
que curou as tuas feridas?

[verso]
na época do mérito próprio
infelicidade é motivo de culpa
se tudo é só questão de escolha
você só não fez por merecer
e pra essas tantas bênçãos
tem quem receba pra te conceder
condenados a ser nós mesmos
e perseguir uma essência
que não sucedeu nossa existência
aprendemos a depressão
e quem sofre com padrões feios
não pode se livrar de crenças
e realidade tão extensas
que te tiram e te cobram pelo pão
o despertador do celular toca
você sente cansaço
mas nem metamorfoseado num inseto
se livra do tão pesado fardo
de não querer ir pro trabalho
teu chefe é o chefe do gregor
e de tanto ser chamado refratário
desenvolveu sentimento de dono
e hoje se acha errado
tal discurso me elege o princ-p-l culpado
das mazelas do meu mundo
me expondo nesse palco tão zoado
onde afundam e empreendem um mundo em cacos
[saída]
cara, acho que esse é ponto. tipo, eu tenho uma amiga que é super esforçada, super talentosa, trabalha sozinha, tal. só que aí fica se martirizando quando as coisas não saem do jeito que ela esperava, tipo, “ah, porque eu não me esforço”. sendo que num é verdade, tipo, ela se esforça muito. só que aí é estímulo de todo canto dizendo que só depende dela, aí parece que não deu certo e a culpa é exclusivamente dela e essa mentalidade parece que tá meio impregnada na nossa cabeça hoje, sei lá. e tipo, não dá pra jogar a culpa em tudo em volta, tipo, ai, é culpa do sistema. não, não é só isso. mas também não é jogar a culpa toda no indivíduo, entendeu? o mundo é mais complexo que essa dicotomia boba, esse que é o ponto. tipo, a gente tem que trabalhar, só que não é se matar de trabalhar, senão ‘cê se mata de trabalhar e nunca mais pode trabalhar por… por desequilíbrio, né. burnout e tal. só que… aí o cara se mata de trabalhar dizendo que é pra ter uma vida confortável sendo que ele podia ter uma vida confortável agora se contentando com menos. só que, ao mesmo tempo, tem isso, de que… tem toda uma estrutura meio que forçando a gente a fazer isso, né. tipo, meu amigo quebrou a perna e ficou com medo de ser demitido por causa do atestado, que era de cinco dias. tipo, não basta quebrar a perna, tem que ter essa pressão psicológica, pressão social, então… é muito bizarro. aí se a gente não se mata de trabalhar é passado pra trás por quem trabalha. então… cara, não sei, é tudo muito complexo. eu sou otimista, acho que dá pra achar equilíbrio. ou não, nem sei mais. eu queria ser herdeiro de um bilionário, queria nem me preocupar nem com o meu. mas enfim, é isso, tenho freela pra fazer, o álbum termina aqui, é isso, álbum ou mixtape? não sei. enfim… ah, tenho que terminar com alguma mensagem positiva. tenham fé. é isso. não disse em quê. ou em quem. tchau, galera, valeu

- kalew nicholas

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