letra de das serras, sapiência e sumidade - kaatayra
enquanto desço na companhia de amigos-peixes
miro às serras que se constroem longe
absorvi de vez a pequenez de mim, mas
não digo que do absoluto me despedi sem dúvida
o que serão daqueles que são de culpa?
que não evitam pensar em suas falhas
que não evitam se esconder entre folhas
como se envergonhassem por suas escolhas
como se não pudessem chorar sob cascatas
cada gota d’ágrima não será julgada, pois
sera mais uma dentre tantas outras
então chores tu também
nascestes em pranto, com certeza mundano
e não é por isso que deves usar essa máscara
há cores que não esperam por ti
barulhos que são cegos à tua existência
polens que envenenam
árvores que dançam sobre cabeças
estão nos pássaros, nas águas, e correntes
pr-ntos para te abraçarem
pr-ntos para te levarem embora
pr-ntos para te matarem
embora, um curto assobio
disperse a névoa de tua cabeça
não deixes de recuperar a noção de vontade
e do fogo que arde sem maldade
continue a subir o rio com leveza
com ou sem correnteza
perseveres
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