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letra de conflitos pt.1 - joão drama

céu azul
cidade cinza
vermelho sangue
pudera eu entrar em transe
estar casado com uma bela mulher
num mundo em que não exista nem uma mãe da sé
onde os filhos vivem mais que os pais
que as preocupações sejam banais
tipo filho escove os dentes
vai senão os dentes caem
que entendamos a relatividade do tempo
pra não desperdiçar o tempo
interessado no que o outro faz
vaidade não preenche o vazio
liberdade nem sempre é o caminho
às vezes precisamos nos prender aos nossos ideias
às vezes falhos, às vezes tão essenciais
mas sobretudo o conflito faz
com que esqueçamos os motivos
que nos fazem animais racionais
e o futuro não p-ssa de uma velha história
o presente nem sempre boas memórias
acendo o cachimbo e penso nos meus ancestrais
fazendo oferenda a todos os seus orixás
buscando a tal conexão com a natureza
e nos detalhes quem sabe encontrar beleza
um grito, pedido, socorro
um rito, já sinto seu choro
perdoe este mundo mazorro
pra que não nos falte decoro
decoro… decoro…

usufruto de nossa imperfeição (sim)
e daqueles que nos julgam
e o pecado que nos mantém distante
é aquele que nos junta
ad hominem
cego de amor que ele tem apenas por si mesmo
eis o homem
lidando com a dor por amor que ele tem a terceiros
e ao nascer do fauno
angustia tão silenciosa
flores ao cavalo de turim
dores de uma sanidade deposta
tudo bem
fingir sempre foi uma grande b-st–lidade
nossa
servir nunca foi uma grande especialidade
nossa

o homem é o lobo do homem
a morte um instante de vida
anseios que brotam da alma
não p-ssam de causas perdidas
confesso eu, tão limitado
não posso fugir da minha crença
pudera eu, nascer de fato…
livre de toda impotência…

e de toda intransigência em demasia…

conflito…

- joao drama

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