letra de dedicatória - joão daniel maia
a pomba da aliança o voo espraia
na superfície azul do mar imenso
rente de espuma já desmaia, medindo a curva do horizonte extenso
mas um disco se avista ao longe a praia
rasga nitente o nevoeiro denso
ó pouso, ó monte, ò ramo de oliveira, ninho amigo da pomba forasteira
é tão bom ter por árvore uns carinhos
é tão bom de uns afetos fazer ninhos
assim meu pobre livro as asas largas nesse oceano sem fim sombrio eterno
o mar atira-lhe a saliva amarga, o céu lhe atira o temporal de inverno
ó triste verga tão pesada carga quem abre ao triste um coração paterno
é tão bom ter por árvore uns carinhos
é tão bom de uns afetos fazer ninhos
pobre órfão vagando nos espaços embalde as solidões mandas um grito
que importa de uma cruz ao longe os braços vejo abrirem-se o mísero precito
os túmulos dos teus dão-te regaços, ama-te a sombra do salgueiro aflito
vai, meu livro e como louro agreste
traz-me no bico do ramo cipreste
é tão bom ter por árvore uns carinhos
é tão bom de uns afetos fazer ninhos
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