letra de quando canto uma milonga - jari terres
quando canto uma milonga
com o silbido do vento
eu transporto sentimento,
pro alambrado da guitarra
com duetos de cigarra
meu purajei se entrelaça
ponteando a história machaça
pra o corredor da garganta
legendas da minha estampa
florão do garbo da raça.
quando canto uma milonga
eu ouço o choro do arreio
e o aroma do pastoreio
bordado de maçanilha
sobre o altar da c-xilha
onde o verso campeador
com cismas de ser pastor
quer se juntar na invernada
sem sombras de maneador
meu canto é a biografia
que traz relato da pampa
de touro chairando guampas
de alçados sem costeio
de domadores e tropeiros
romanceando estradas longas
até que a boeira se ponga
pra outro canto dos galos
por isso me sinto a cavalo
quando canto uma milonga
quando canto uma milonga
minh´alma vem para os dedos
repontar os meus segredos
invernando nas ilhargas
qual entrevero de carga
trançando lanças no espaço
meus dedos ponteiam o braço
sobre as cordas candongueiras
que são tentos de fronteira
aguentando o cinbronaço
quando canto uma milonga
num verso de cola atada
ressucito a madrugada
entre tições de fumaça
e o meu verso se adelgaça
pra ficar melhor de encilha
sai o ronco da virilha
fica a força do potreiro
pra pechar rima em rodeio
nos campos da redondilha.
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