letra de comoção - indolentes pés de abóbora
como tu faz a ciência se não existe um sujeito?
banana, prego, martelo, minha vida é meu direito
trabalho escravo que paga teu luxo e minha navalha
sangram os olhos e o peito enquanto a elite gargalha
corrido, caçado, preso, me veiculam ileso
eu roubo, fujo, te drogo; minha culpa é teu desprezo
o que tu diz o teu cocho: meu prato-feito de resto
da gema n0bre, inocente, reflexo deste excesso
por tu que muda o mundo acomodado, sentado
eu, mudo, colo e engraxo na esteira do teu mercado
gringo, loirinho, o intercâmbio, tudo que é importado
mas quando é pobre ou preto, um sírio refugiado
tu finge que não escuta, não vê e fica calado
não importa o quanto tu grita, protesta contra o estado
se o que mesmo te afeta é o capital privado
e eu, sujeito normal, produzo e fico calado
tu diz drogado, eu não tô; eu só tô -ssujeitado
por todos ratos e carros que abrigam este congresso
se isso é o democrático, eu que não quero progresso
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