letra de nós somos todos iguais - gildo de freitas
delicado eu sempre fui
pra quem tinha boa fé
tenho ganhado questões
só deus sabe como é
a verdade é minha capa
também nunca dei um tapa
que o índio fic-sse em pé
(foi cousas que se p-ssaram pela minha mocidade
quem tem meu temperamento vive por casualidade
já nasci pra ser -ssim e troxe dentro de mim o gesto da autoridade)
e pra ser autoridade
é preciso ter respeito
e também não se -ssustar
do rompante do sujeito
eu não carrego bagagem
e o homem que tem coragem
a morrer é mais atreito
(no tempo do lá vai facão
sempre fui um gaúcho bueno
quantos brancos não dançavam
nesses salões de moreno
de vereda já brigava na entrada
para não perder o treino
eu gostava desses bailes
porque a entrada era barata
meu sangue é de português
sempre gostei de mulata
e elas me admiravam sorriam
me arrodiavam por eu ser solto das patas)
e eu terminava dançando
e a chinas achando graça
eu acho que preto e branco
são feitos da mesma m-ssa
hoje é mansa a mocidade
existe facilidade
pra fazer cruza de raça
hoje o preto e o moço branco
tem o viver mais perfeito
estudam na mesma aula
não existe o preconceito
hoje sem haver vexame
p-ssam pelo mesmo exame
se formam do mesmo jeito.
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