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letra de coisa pouca - francis pierre

[letra de “coisa pouca”]

[verso]
a vida não atalha, por vezes corta, retalha
ora deixa o campo aberto, ora o cobre com muralha
anda, arruma a tua tralha
e diz à gentalha que atrapalha
que hoje nos vamos pro ringue sem toalha
e sim, frente á falha, trabalha
e na cara de quem muito ralha, enfim, gargalha
a vida e uma batalha veste o teu uniforme
deste a malha onde eu ingresso em meu próprio nome
um joão com pedro cultivo e um e calcando o cunha
imagina o que eu não punha para fora que era meu
e que eu pensava que еra teu, e sem juízo
imagina o compromisso, imagina o conflito atrito rеlacional
quando emocional tritura o racional, tá fudido
não liguem é aborrecido, para ninguém é merecido
o desgaste esmorecido, é relativo e não é
quando ele se agrava bué
ao encontrar a dúvida também perdi o pé
ao mergulhar na dúvida acabei fora pé, e no meu céu a lua cheia não acalma marés, numa palma com dez
o meu palmarés vesti numa passerelle de cadernos de lés a lés
aqui dá-se pele, o cenário é grotesco
pitoresco o elenco, o ator é quixotesco
eu migrei para a unesco e não vez cu
o raio do corpo aclara-me este meu pensamento
um esgar, da manhã que não encaixa na tarde
não em caixa que arde com sobranceria
numa sombra seria cobarde e iria dar ar da sua graça
quando tomba na poesia, o que eu faço reparto
e no trabalho o trabalho só quero aquele que é de parto
eu daqui eu não parto ouça, a melodia poisa louca
não parto a loiça toda, porque isto é coisa pouca
coisa pouca, coisa pouca, coisa pouca, isto é coisa pouca

- francis pierre

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