letra de o canto dos homens-conto - foge foge bandido
farto do diz que disse,
diz que viu,
diz que aconteceu,
diz que estava lá um amigo de um amigo
que é amigo teu.
farto de ouvir
o mais bonito,
o mais astuto,
o mais sensível
mas o mais incrível
é que ao espelho eu só vejo o mais bruto.
farto das mesmas queixas no mesmo caderno,
farto da caneta que me leva ao inferno,
farto de mim de ti de nós contra o resto do mundo.
a seleção deles é mais forte,
ficaremos sempre em segundo.
ninguém te disse
ninguém te contou
ninguém te falou
não dá para ganhar.
eles dizem foge foge!,
mas eu fico,
foge foge!,
e eu fico
cada vez mais bandido.
não sou luz da serra
nem sombra nem luz
nem sombra da noite,
no alvor da madrugada
não sou coisa nem nada.
talvez louco…,
o louco não tem número
o limite da soma é o vazio.
não sou murmúrio de rio
nem cigarro viciado
nem ponta de cio,
nem lua patética
crescendo e fugindo do tempo que p-ssa.
não sou quebra-luz,
nem gavinha entrelaçada num abraço de frio.
sete raios de sol queimaram o sonho,
sete chuvas de esperma o fecundaram.
já não sou resina
nem merda nem mijo,
nem sangue nem seiva.
morreram afrodites e leões de pêlo fulvo,
quando se inventou a alma
e eu não sou mais do que rescaldo,
já não sou poeta nem nada.
letras aleatórias
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