letra de desalento - feromona
não tenho jeito p’ra gerir património
nem sou pessoa p’ra aderir ao matrimónio
tenho uma voz que é mediana e tenho sonhos
mas sem maneira de atingir dias risonhos
não tenho os pés no chão mas tenho fantasias
coisas concretas não conheço e tenho dias
em que a maneira de acordar é com lamentos
pois se adormeço com um vazio nos sentimentos
serei o corpo que finda
sem ter tido ainda o tempo para ouvir
alguém que me diga ao certo
se estará por perto na hora de adormecer
não tive a sorte de ter tido algum juízo
tive o azar de ser fadado ao prejuízo
andei perdido e confiei nas impressões
mas sei agora que é errar nas previsões
fintei por vezes o destino que era doce
olhei o umbigo e imaginei algo que fosse
uma grandeza p’ra mim feita por medida
mas a esperança um dia caiu perdida
falhei nas contas que fiz p’rá posteridade
pois usei números que apurei na p-b-rdade
não criei lendas mas menti e por castigo
já poucos crêem nas verdades que hoje digo
não tenho pressa de chagar a sítio algum
olho o futuro e não vejo lugar nenhum
onde as certezas que aprendi tenham um preço
e as coisas certas que eu vivi lá no começo
tenham valor
letras aleatórias
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