letra de um grito de socorro - facção central
[verso 1: eduardo]
naipe de mendigo, garrafa de pinga
6 meses observando a mansão da vítima
os empregados, quem pode ser corrompido
avaliação dos bens, frequência de amigos
sócio majoritário de hipermercado
sai às 8 com os vigia num p-ssat blindado
às 10, a mulher vai pro balé com os diamante
à noite (no álibi do restaurante), vai dar pro amante
13 horas, um segurança leva o pivete pra escola
pra não chamar atenção, cola c’um gol bola
só com uma pistola – segundo o motorista
(colabora porque uma uzi ameaça a sua família)
entre a puta ou o filho, o filho é mais provável
vamo de 7 galo e um vectra turbinado
avenida ibirapuera, perto do shopping
colou vendedor: do meio da flor um revólver
o segurança quis vazar mas fechei, fui ninja:
morreu tipo cinema com a cabeça na buzina!
pedestre abaixado, grávida desmaiada
refém no porta-malas, caminho aberto a granada
que merda! era pm o cu, vendendo drops
tiro no capacete do truta – morte instantânea num poste
10 minutos depois: rua deserta, um carro novo
“alô, prepara o cativeiro, tá chegando o pote de ouro.”
[refrão x4: eduardo]
tem um grito de socorro lá no cativeiro
[verso 2: eduardo]
um mano morto na missão; mó guela, deixou pista
se tiver com identidade, sujou a fita
gambé, filho da puta! quem pode prever?
vou beber, dar um rolê, ver as notícia da tv
do pré-pago, primeiro contato – ideia firme:
“500 mil e nem vem com história triste
segue a instrução pra não ter missa de sétimo dia
é sem contra-oferta e não envolve polícia
pra mim é só negócio, não tenho coração
desacredita e ganha um lego pra montar e pôr no caixão!”
sepá a divisão anti-sequestro tá no caso
pra boy vem até o governador de quatro
vão pôr chip na grana, tipo fbi
ou vão catar o resgate pra eles e se matar pra dividir
o moleque tá mal no quarto empoeirado
tem bronquite, fica sem ar, amarrado
“me deixa ir pra casa, por favor!”
“papai paga: é disneylândia. senão, tem noites do terror!”
segundo contato: e o banco não liberou a quantia
desconfiaram e acionaram a polícia
mas pra esse ramo não tem “não”
já amolamo a faca no chão
vão tirar dinheiro do cu
quando verem um dedo da mão
foi de sedex 10, à la ritual satânico
e a família entendeu que ninguém tá brincando
[refrão x4: eduardo]
tem um grito de socorro lá no cativeiro
[verso 3: eduardo]
o moleque dava dó, mas negócio é negócio
eu nem tenho essa maldade, só que tem outros sócios
um que ria, lambendo o sangue da faca:
“não chora, que seu pai paga cirurgia plástica!”
fiz curativo pra não dar germe
ele só esquecia a dor -ssistindo tom & jerry
“é amanhã no frango frito, na via anhanguera
vem sozinho, sem putaria, que isso aqui não é novela
espera na lanchonete, com todo o dinheiro
se eu ver polícia a um quilômetro, pode fazer outro herdeiro”
no dia foi um truta encarregado da missão
estilo cliente, filmou do teto até o chão
achou que tava limpo, pediu a mochila
do copeiro ao caixa: todo mundo era polícia
bastou psicológico, chute nas costas
e tava ele e os gambé, na crocô, batendo na porta
(toc-toc) “sou eu! tá limpo, pode abrir.”
a voz estranha, cachorro latindo… engatilhei; percebi
catei o refém, fui pra janela negociar
atirador em ponto estratégico não dá pra escapar
13 horas de ideia; nenhum pedido atendido
os caras se entregaram, abraçando o que o juiz tinha prometido
eu tô ligado que, se eu saio
não chego no distrito
então, boy, dá tchau pro teu filho
eu fui pro inferno e ele foi comigo
[refrão x4: eduardo]
tem um grito de socorro lá no cativeiro
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