letra de 1989-2009 - enigmacru
(verso 1) (chek)
desculpa, eu sei que disse que ia p-ssear ao jardim
colhi uma flor para te dar para me dares um abraço a mim
dizem que a vida dá saltos, eu também acho que sim
vou dar o maior salto de todos, quero aterrar num trampolim
mãe, deste-me o mundo, fiquei suspenso
porque hoje eu sinto-me tão livre que até me sinto preso
dá-me asas, que azar, estas asas não se rasgam
mesmo que trouxesse pára-quedas, estas quedas não paravam
se eu pudesse voltar atrás, não posso, estou instável
provei o sabor da vida, mas que sabor desagradável
vou até às estrelas, não regresso
vejo o meu reflexo na água, cada vez mais perto
desejo a tua mão, aperto por entre os dedos
a ilusão empurra-me, sussura-me segredos
ajuda-me a dizê-los, não posso mais fugir
o céu é o limite e eu limito-me a cair
em palavras que me escreveste, deixei-me voar no teu papel
senti o arrepio na barriga como se isto fosse um carrossel
já chega de despedidas, não me sigas, não consigo
agora quero-te livre como um pássaro, só não tentes voar comigo
eu não te prometo nada, eu tento mas espera
eu tenho medo que as promessas no céu sejam como na terra
leva-me a ti, beija-me e esconde
se isto for um sonho, eu não acordo ou então atiro-me da ponte
(verso 2) (each)
tenho vertigens, sou eu que me afasto ou és tu que me afastas
as escadas são infinitas como as vezes que não me abraças
e eu subo degrau a degrau a imaginar-te
a dizer-me o que não te disse pelas vezes que tu não falaste
o quanto tu me perguntaste sem nunca me perguntares
todas as respostas que me deste ao duvidares
todas as questões que colocaste ao confiares, enfim
o quanto te iludias por desconfiares de mim
avanço lentamente o corrimão
com lágrimas de raiva pela minha decisão
já estou do outro lado, tenho os dedos inchados
agarrado pelos cotovelos com os punhos atados
desequilíbrio-me, caio para trás, sinto a adrenalina
queria gritar mas a minha boca tem fita adesiva
eu sufoco enquanto respiro o teu perfume
o sorriso do costume não é o sorriso do costume
prometi levar-te onde quer que fosse
mas hoje chego tarde querida e vou para muito longe
e eu vejo as pessoas lá em cima debruçadas
desesperadas, até aparecem importadas
queria gritar que te amo mas tenho a boca fechada
os tímpanos estouraram porque já não me dizes nada
até que me desfaço na água, não sinto os olhos
não vejo pele, os músculos separaram-se dos ossos
e isto dói muito menos do que eu te polia
por cada vez que te encontrava e não te conhecia
é o último segundo de jogo, jogo a última carta, na última jogada
no entanto a queda…
(refrão) (enigmacru)
sinto os ossos a torcerem-se como plasticina
e partem-se por dentro até que entro em hipotermia
rasguei as artérias, a dor é grande
engulo água e sinto o sabor do meu sangue (2x)
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