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letra de ismália (ao vivo) - emicida

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ismália (ao vivo) lyrics
[letra de “ismália (ao vivo)” com fernanda montenegro]

[intro]
com a fé de quem olha do banco a cena
do gol que nós mais precisava na trave
a felicidade do branco é plena
a pé, trilha em brasa e barranco, que pena
se até pra sonhar tem entrave
a felicidade do branco é plena
a felicidade do preto é quase

[pré-refrão: emicida]
olhei no espelho, ícaro me encarou
“cuidado, não voa tão perto do sol
eles num ‘guenta te ver livre, imagina te ver rei”
o abutre quer te ver de algema pra dizer, “ó, num falei?”

[refrão: emicida]
no fim das conta é tudo ismália, ismália
ismália, ismália
ismália, ismália
quis tocar o céu, mas terminou no chão
ismália, ismália
ismália, ismália
ismália, ismália
quis tocar o céu, mas terminou no chão
[verso 1: emicida]
ela quis ser chamada de morena
que isso camufla o abismo entre si e a humanidade plena
a raiva insufla, pensa nesse esquema
a ideia imunda, tudo inunda, a dor profunda é que todo mundo é meu tema
paisinho de bosta, a mídia gosta
deixou a falha e quer medalha de quem corre com fratura exposta
apunhalado pelas costa, esquartejado pelo imposto imposta
e como -n-lgésico nós posta que
um dia vai tá nos conforme
que um diploma é uma alforria, minha cor não é uniforme
hashtags #pretonotopo, bravo
oitenta tiros te lembram que existe pele alva e pele alvo
quem disparou usava farda (mais uma vez)
quem te acusou nem lá num tava (bando de espírito de porco)
porque um corpo preto morto é tipo os hit das parada
todo mundo vê, mas essa porra não diz nada

[pré-refrão: emicida]
olhei no espelho, ícaro me encarou
“cuidado, não voa tão perto do sol
eles num ‘guenta te ver livre, imagina te ver rei”
o abutre quer te ver drogado pra dizer, “ó, num falei?”

[refrão: emicida]
no fim das conta é tudo ismália, ismália
ismália, ismália
ismália, ismália
quis tocar o céu, mas terminou no chão
ismália, ismália
ismália, ismália
ismália, ismália
quis tocar o céu, mas terminou no chão
(terminou no chão)
[verso 2: emicida]
primeiro ‘cê sequestra eles, rouba eles, mente sobre eles
nega o deus deles, ofende, separa eles
se algum sonho ousa correr, ‘cê para ele
e manda eles debater com a bala que vara eles, mano
infelizmente onde se sente o sol mais quente
o lacre ainda tá presente só no caixão dos adolescente
quis ser estrela e virou medalha num boçal
que coincidentemente tem a cor que matou seu ancestral
um primeiro salário, duas fardas policiais
três no banco traseiro da cor dos quatro racionais
cinco vida interrompida, moleques de ouro e bronze
tiros e tiros e tiros, o menino levou 111
quem disparou usava farda (ismália)
quem te acusou nem lá num tava (ismália)
é a desunião dos preto junto à visão sagaz
de quem tem tudo, menos cor, onde a cor importa demais

[interlúdio: fernanda montenegro]
quando ismália enlouqueceu, pôs-se na torre a sonhar
viu uma lua no céu, viu outra lua no mar
no sonho em que se perdeu, banhou-se toda em luar
queria subir ao céu, queria descer ao mar
e num desvario seu, na torre, pôs-se a cantar
estava perto do céu, estava longe do mar
e, como um anjo, pendeu as asas para voar
queria a lua do céu, queria a lua do mar
as asas que deus lhe deu ruflaram de par em par
sua alma subiu ao céu, seu corpo desceu ao mar
[pré-refrão: emicida]
olhei no espelho, ícaro me encarou
“cuidado, não voa tão perto do sol
eles num ‘guenta te ver livre, imagina te ver rei”
o abutre quer te ver drogado pra dizer, “ó, num falei?”

[refrão: emicida]
no fim das conta é tudo ismália, ismália
ismália, ismália
ismália, ismália
quis tocar o céu, mas terminou no chão
ter pele escura é ser ismália, ismália
ismália, ismália
ismália (ismália), ismália (ismália)
quis tocar o céu, mas terminou no chão

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