letra de leito - eliot
[verso 1]
pai tu tavas onde?
quando eu perguntei as direções ao criador
eu só não queria dor , não
rasguei a terra , atravessei os montes
em direção ao horizonte
a margem expande livremente sem saber que tem um dono
desde a nascente que eu corro
a vida cresce ao meu redor
sou a corrente que leva o peixe
à minha beira vês a flor
fiquei a olhar para o céu
sonhei -ssumir a sua cor
os meus olhos são o reflexo
sou uma forma, não um corpo
cada vez mais longe , da bacia do mundo
que do escuro me deu à luz
mostrou o curso da alma
e há muito ditou o meu rumo
por mais que tu o odeies…
eu não me sinto mais que tu
suja me, sou cada vez menos puro
ingénuo? nunca
durmo
à espera que a chuva me leve
cada vez mais fundo
até ao mar
até ao mar
até ao mar
eu não vejo a foz mas já oiço o fado
eu não tenho voz mas eu canto algo
que me vai levando até um palco
para ser julgado
por existir e não pensar
deixo a força para os mais fracos
nenhuma barragem vai parar
alguns gostam de me ver cair
nunca nenhum me viu voar
descobri mentes,mundos
trouxe terramotos, naufrágios e infortúnios
desviei-me pelos trilhos mas o sentido sempre foi um único
sinto me poluído
tentei manter-me lúcido
mas o homem tem ódio a si próprio que é nocivo
como óleo corrosivo
que no meu leito é diluído
liberdade não tem data p-sso por baixo
da 25 de abril
já me sinto perto dum destino
a vida é o rio que corre e o mar é o fim
até posso não estar limpo
mas no caminho eu vou
encontrar me com a verdade e sentir-me bem-vindo…
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