letra de don corleone do gueto - eduardo
ai moleque não tem glamour em ser transferido
do avião da pf pra outro presídio
e em tá 22 horas na cela isolado
torturado mentalmente, incomunicável, monitorado
a multiplicação da pasta base de farinha
nem sempre te dá duas van numa linha
com sorte termina num raio paraplégico
sem sequela cerebral pra estudar o próprio processo
sou a prova viva que seu sonho é suicida
ostentei por anos o medalhão de patrão da firma
os cardeais da civil me chamavam de senhor
comandante geral se desculpava por prender meu vapor
me sentia intocável, até ser acordado
por uma equipe de captura invadindo meu quarto
a contadora de cédula traz b-c-t-, influência
junto com ônus da inveja, da concorrência
reinei até o rival dar melhor remuneração
pros vermes que eu pagava pra avisar sobre incursão
as contas laranjas não compraram fiança
virei o trunfo do secretário de segurança
nada deixa a opinião pública mais anestesiada
do que a queda de um don corleone na sua mansão confiscada
enquanto a mídia destacava meus perfume importado
o juiz da minha folha me dava 20 no fechado
quando mais ducati, escritura, ibope
mais se aproxima a cela e o laudo cadavérico precoce
talhador de costela muralha, tranca é o preço
pago pelo título de don corleone do gueto
“pago pelo título de don corleone do gueto— eduardo
a thug life real não é parque de diversão
pra pousar no facebook com as cli na mão
ou pra carregar no celular a foto trabalhada
de uma nova sinhá, trêmula e amordaçada
eu tinha bancada política, visa infinite
e fui na mesma viatura que me fornecia dinamite
a mesma tropa do acerto que recebe o combinado
mete corrupção ativa e manda seus filhos pro juizado
achei que seria feliz pra caralho
com a cobertura no litoral e o dogde durango tunado
quando minha mãe morreu vi meu poder ilusório
sem a liberação judicial pra eu colar no velório
sei que o sistema pede você na leitora facial
p-ssando com a cabeça do acionista do grupo empresarial
rezando pro inchaço do corpo morto
não impedir o reconhecimento dos pontos de medida do rosto
só que o bote que traz milhões no esgoto da protege
também insere seu nome na guia no iml
a smart tv a hornet tem super desvalorização
quando s. a. t-3 à rasante na sua perseguição
esquece a família soprano, o scarface
as células nervosa do gangster, aqui picham a parede
no sistema carcerário tem pelo menos 300 mil
que sonharam em ser o don corleone do brasil
quando mais ducati, escritura, ibope
mais se aproxima a cela e o laudo cadavérico precoce
talhador de costela muralha, tranca é o preço
pago pelo título de don corleone do gueto
no dia que fui libertado do presídio
não tinha um carro me esperando com um amigo
não tinha harém de puta, jogador, cantor
nem os políticos que eu indiquei pro eleitor
vinte anos atrás era resgatado de qualquer distrito
hoje nenhum dos 7 bilhões sabem que eu existo
sem um real pra pagar os camarotes das boates
nunca mais vou ganhar música em homenagem
quando sua mãe te manda fazer lição
quer evitar você ouvindo ordem, palavrão
não quer filhinho de papai que virou delegado
te golpeando com toalha cheia de cadeado
se não te convenci se prepara pro boy te torturar
te fazer lamber privada atrás de celular
vão te matar e apontar como membro de facção
que resistiu a prisão e jogou na guarnição
seu cadáver vai ser legitimado com texto falso
contendo uma lista de gambé que iam ser -ss-ssinados
o cordão com inicial longe do movimento
se transformou na tornozeleira de monitoramento
quem dominava 12 milhões de metros quadrados
agora carrega os bens numa sacola de mercado
se tiver pr-nto pra mãe enlutada no enterro
aceita os termos pra ser don corleone do gueto
quando mais ducati, escritura, ibope
mais se aproxima a cela e o laudo cadavérico precoce
talhador de costela muralha, tranca é o preço
pago pelo título de don corleone do gueto
letras aleatórias