letra de cedo, surdo, mudo - doncesão
[verse 1: elo da corrente]
desde que me conheço por primata
a escuridão me habita e não arrebata
vontade de viver nunca foi nata
aprendi a enxergar com o coração, digo na lata
entrego aos ouvidos, altero os sentidos pra me guiar
vim parar do outro lado do oceano pelo mar
um cego chimpanzé adolescente
que agora em nova terra, uma profissão ia ganhar
mas nada mudaria se não fosse o destino
que me fez encontrar semelhantes com o mesmo hino
nas adversidades a vida real sem cortes
éramos três, e juntos sempre fomos mais fortes
da criançada a alegria o picadeiro em chamas
macaquices pros senh-r-s e também pras damas
a platéia só aplaude e ainda pede bis
a platéia só deseja ser feliz
[chorus 1: elo da corrente]
cego, surdo, mudo
a união é o escudo
os três macacos juntos, temos tudo
todos os sentidos trazem a compreensão
caminho certo mesmo que falte a visão
[verse 2: don cesão]
cho, chuaaaa
cada macaco no seu galho mico é o caralho sente o peso do gorila
te encaro na pupila pra ver se oscila, se vacilar, macaco prego, eu vou te martelar
martelo, bigorna, estribo é osso, mas não ouço
não posso ouvir o que você fala
o tiro do homem bala, o ronco do anão
quando o chicote estrala pra cima de algum leão
apenas observo a multidão com atenção
me junto ao cego e supro a falta de visão
que junto ao mudo suprime a falta de audição, na união
que é pauta pra platéia e prata pro patrão
prematação, atração no picadeiro
pirueta cambalhota p-sseio pelo trapézio, p-sseio no trampolim
sempre -ssim, no silêncio; -ssinado: macaco surdo
[chorus 2: elo da corrente]
cego, surdo, mudo
a união é o escudo
os três macacos juntos, temos tudo
todos os sentidos trazem a compreensão
é no silêncio que ouço o coração
[verse 3: elo da corrente; don cesão]
leia meus lábios, decifre essa canção
ande entre os sábios, ouça com o coração
eu sou macaco velho, a selva é meu lar
lá não tem evangelho nem santo pra rezar
lá um instinto manda, o corpo obedece
as raízes falam auto, quem tem se reconhece
em mim permanece o sabor da liberdade;
apesar da realidade, ser outra na verdade;
quem viveu não esquece o medo e a clausura
os instantes de loucura é o tempo quem tortura
acorrentado a tantos outros, só pensamentos soltos, cruzei mares revoltos
aqui encontrei abrigo, jogado em uma jaula, fiz alguns amigos
um cego e um surdo, os dois com algo a ver comigo
achei que era o fim, mas enfim, é só o começo
dessa história que eu guardo com apreço
[chorus 3: elo da corrente]
cego, surdo, mudo
a união é o escudo
os três macacos juntos, temos tudo
todos os sentidos trazem a compreensão
falta minha voz e o que sobra é intenção
[verse 4: elo da corrente; don cesão]
não pára, não pára!?a vida é viver!
se para, repara o lado do ser
não pára, não pára!?a vida é viver!
se para, repara o lado do ser
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