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letra de apologia ao crime - detentos do rap

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[refrão]
as portas estão fechadas
(é) uma oportunidade foi negada (foi negada)
as portas estão fechadas
(é) uma oportunidade foi negada (foi negada)

[verso 1]
ao sair da prisão com a intenção de sua vida mudar
de batalhar de maneira honesta
não quer para a detenção ter um novo regresso
ele vai caminhar (que rumo tomar?)
a primeira semana na rua é uma maravilha
curtindo as novidades que não tinha na ilha
sem contar os encontros com os camaradas
é foda, miliano fora da quebrada
mas a realidade é outra, vamos se ligar
agora eu tenho mulher e filho pra sustentar
vou dar um rolê na cidade
olhar os anúncios para trabalhar (me adiantar)
na estação de metrô, ele pega um guia de empregos
logo em cima um anúncio: “servente de pedreiro”
mas logo de cara a oportunidade é negada
no seu antecedente, consta um “ex-prisioneiro”
é foda, humilhação
tô fazendo de tudo pra não voltar pro crime mais não
andei pra caralho, revirei são paulo quase todo
várias humilhações, fui tratado até como porco
e ele está de volta em casa
com muito suor no rosto, o corpo cansado e nada no bolso
na mente da sociedade, uma vez criminoso sempre criminoso
e não é por aí (não)
um humilde pai de família que se meteu a roubar
porque se desesperou por não ter dinheiro pra sua família sustentar
e às vezes ele exclama:
eu só queria ter uma vida normal
uma oportunidade numa multinacional
uma humilde conta no banco
um lar e um carro nacional
(um fusquinha na moral)
mas entra mês e sai mês e ele continua
já tentou de tudo, até vender cachorro quente nas ruas
mas são mulher e cinco filhos que ele tem pra sustentar
a situação não ajuda, começa a desesperar
no dvc uma passagem: forte motivo ocular
é foda, é apologia ao crime
eu vou voltar a roubar
que se foda a sociedade
fodido também vou ‘tá
[refrão]
as portas estão fechadas
(é) uma oportunidade foi negada (foi negada)
as portas estão fechadas
(é) uma oportunidade foi negada (foi negada)

[verso 2]
e ele sai na captura dos contatos
muitas drogas, muitas armas
ele envolve seu corpo e vende a sua alma
conexão forte, pacto de morte
ele começa a traficar
uma, duas, três, quatro, cinco, seis
em cada boca mais ou menos uns 300 freguês
no desbaratino, ele começa a destacar
já comprou o seu carro, montou o seu lar
todo seu sonho começa a se realizar
e o tratamento da sua filha paraplégica
ele também pôde começar
e aquela cesta com a bola de basquete
que ele então podia dar para o seu moleque
realmente dinheiro já não era “pobrema”
aumentavam os pontos, cresciam as vendas
e às vezes se ele lembrava
“quantas vezes uma oportunidade pra mim foi negada”
mas nem tudo é um mar de rosas
sempre tem uns atrasa lado
boca de bosta que é preciso matar
o buchicho tá alto, urubu está voando baixo
o seu nome tá envolvido até os pingo do “i”
mas ele já disse e volta a repetir:
“pra cadeia eu não volto, prefiro me destruir”
tudo que ele queria era oportunidade
para trabalhar sustentar sua mulher, seu filho, seu lar
mostrar seu outro lado: que não é fracasso
nem um vagabundo, psicopata ocular
só que no sábado à tarde perto da sua casa
fritadas de pneus, gritarias e várias rajadas
aquele homem que a oportunidade sempre foi negada
em frente a um bar foi brutalmente assassinado
fica no ar (fica no ar)
[refrão]
as portas estão fechadas
(é) uma oportunidade foi negada (foi negada)
as portas estão fechadas
(é) uma oportunidade foi negada (foi negada)

[verso 3]
detentos do rap no ar
fica a pergunta:
como que vai ser a vida dos filhos
desse cidadão brasileiro
que se envolveu no crime
por não te darem emprego?
particularmente no meu linguajar
o fim deles também termina em frente a um bar
um bar qualquer, desse de esquina
com uma poça de sangue e o bolso cheio de cocaína
realmente virou sua sina (virou sua sina)

[refrão]
as portas estão fechadas
(é) uma oportunidade foi negada (foi negada)
as portas estão fechadas
(é) uma oportunidade foi negada (foi negada)

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