letra de limiar da sanidade - dealema
minha p-ssagem para o breve, breve instante da loucura
e aqui estou à espera, com este destino de dar sombra aos muros
mas à espera de quê? que o despenhar no abismo me crie enfim asas?
[maze]
caminho diariamente no fio da navalha
no limbo entre ser um santo ou um c-n-lha
conto apenas seis cêntimos no bolso
mas tenho ideias que podem levar ao calabouço
enterrado em dívidas e crédito mal parado
desempregado, contra a parede encurralado
‘tou à espera de quê? o que é que vou fazer?
vou pagar a segurança social ou vou comer?
estou-me a p-ssar, e nem sequer tenho um filho
senão já tinha perdido os quatro dentes do siso
enlouquecido, como se ameaç-ssem um ente-querido
já estou armadilhado, vou é pagando o rastilho
todos os dias terror espalhado nas retinas
os semblantes pesados, de ruínas de vidas
presos na apatia lusa como polidores de esquinas
escravos do fado, em vez de escrevermos sinas
no limiar da sanidade
no limiar da sanidade
sanidade
no limiar da sanidade
sanidade
no limiar da sanidade
[fuse]
eu já pensei no suicídio
mas só me resta mais um tiro
a última bala vou guardá-la
para o dia em que perder a fala e o s-xto sentido
ser humano não é ser divino, é doentio
a ambição é a bengala que orienta um morto vivo
eu enterrei a sanidade, ponho espelhos no meu caixão
para a minha moral morrer com vaidade
serei de ferro? sou a escultura oxidada
face humana enferrujada porque cospem-me na cara
eu luto contra a máquina, a máquina que te suga
a máquina que te ocupa como uma felicidade apática
se eu acord-sse sem família mataria em nome da escuridão
a última luz da nossa vida. não sinto alegria, nem pulsação cardíaca
a vida faz-me luto porque eu morro todos os dias
no limiar da sanidade
no limiar da sanidade
sanidade
no limiar da sanidade
sanidade
no limiar da sanidade
[mundo]
vivia numa fachada em rotura na avenida da liberdade
virada de frente p’ra rua do limiar da sanidade
sol posto, 7 da tarde daquele dia maldito
quarteirão fechado, bófia por tudo quanto era sítio
atingido, no solo estendido, um amigo de infância
motivo: relativo a cobrança de substância
este mano era a ganância, adormeceu na consigna
sabia que não havia cura nesta profissão maligna
agora a cozinha da rua possui um novo chefe
tem mais do que 7 anões à volta da branca de neve
agarrados roubam a família, roubam a mobília
desfilam de seringa na orelha e no parque fazem vigília
estes cafés são asilos para jovens desempregados
na -ssembleia: problemas não solucionados
seremos escravos da vontade, ou escravos do destino?
dois cravos sob a campa e deixem tocar o hino
no limiar da sanidade
no limiar da sanidade
sanidade
no limiar da sanidade
sanidade
no limiar da sanidade
[expeão]
foi por vontade de deus que eu vivo nesta ansiedade
e todos os pecados são meus nesta cidade
lá fora tempestade, por dentro um forte sentimento
na mente, a erosão da sanidade
é a loucura, loucura das m-ssas, crime do colarinho branco
crianças escandalizadas, órfãos, como cordeiros entre os lobos
que mamam do peito da loba, na nova babilónia
todos marcados com o símbolo da besta na testa
mal dos governantes, sangue, orgias e festas
é o silêncio dos inocentes, enquanto mentem
nas televisões com todos os dentes
a maior parte das pensões repleta da nossa gente
enquanto esses mações nunca os viste lá dentro
expeão, eu entro com a força de mil
no limiar da sanidade, mas nunca senil
[fuse]
a mente é o aloquete para a caixa de pandora
a mente é o aloquete
a mente é o aloquete para a caixa de pandora
a sanidade desvanece até à última gota
desvanece
desvanece
a sanidade desvanece até à última gota
minha p-ssagem para o breve, breve instante da loucura
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