letra de a presidiária - danilo dunas
a presidiária
(danilo dunas)
eu vinha para casa de pileque
descontava no moleque
e você o defendia
batia então nos dois como um covarde
você nem fazia alarde
apanhava todo dia
até que em noite de ressaca brava
no sofá eu cochilava
você enfim saiu de si
não há quem sofra tanto e não se zangue
três facadas, dor e sangue
desta vez eu que escorri
linda
você presa em flagrante
de maneira humilhante
e eu sedado no hospital
hoje são bem que eu me esforço
não me livro do remorso
de ter feito a ti tão mal
linda
se é você que o juiz condena
eu que estou pagando a pena
grito às portas da prisão
pra mostrar, quando anoitece
que é por ti a minha prece
e que eu não te esqueço não
o nosso amor não morre atrás das grades
nosso filho com saudades
beija a carta que chegou
prometo, vai passar o pesadelo
ganhar brilho o teu cabelo
que a cadeia maltratou
e mesmo com essa calça amarela
és da cela a mais bela
cinderela que é refém
se alguém criar contigo alguma intriga
há de haver alguma amiga
que te acuda e faça bem
linda
sei que temes estar perto
do regime semiaberto
e o que fora encontrarás
hoje eu sou um novo homem
os meus vícios todos somem
pois achei em deus a paz
linda
sonho ainda em ter o gosto
de um sorriso ver no rosto
de desgosto embrutecido
já estou contando os dias
pra que livre tu sorrias
ao rever o teu marido
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