letra de torcedor da agonia - d maloka
que vermelho é esse escorrendo na minha face
não sinto mais a dor se alguem me bate
a camisa do goiás ensanguentada pelo chão
é tipo aquela que minha mãe presentiou meu irmão
como posso esquecer ainda lembro aquele dia
meu pai também me deu uma camisa do vila
com nove de idade começava minha paixão
não pelo esporte mas sim pelo tigrão
artigos em geral até camisa autografada
todo jogo eu tava lá com meu pai na arquibancada
concentrado no jogo vibrava a cada gol
e mesmo na derrota expressava meu amor
enquanto meu irmão invocava com o góias
não tinha nada contra a gente até vivia em paz
foi quando um meteoro destruiu nossa familia
meu pai, minha mãe não aguentavam tantas brigas
veio a separação, meu pai me levou
meu irmão com a minha mãe foi morar com meu avô
que conheceu um cara bom casou-se depois de um tempo
meu pai ficou sozinho na cachaça e sofrimento
mas nunca me agrediu, meu pai homem guerreiro
trabalhava em dois serviços, segurança e marcineiro
a gente foi morar ali no bairro novo mundo
comecei a estudar, foi o inicio de tudo
meu pai não tinha tempo pra me levar no estádio
mas sempre acompanhei escutava pelo rádio
na escola conheci um mano ponta firme
também vilanovense que admirava o crime
tudo sobre treta fita de crime sabia
uma parte da vida que ainda não conhecia
eu viajava quando ele me falava
que ia entrar na esquadrão nós dois juntos sonhava
um dia ele chegou disse que tinha conhecido
um certo camarada que havia oferecido
um convite pra irmos numa reunião na sede
numa iniciação são poucos que conseguem
p-ssado algum tempo tava eu e meu truta
camisa da esquadrão e berma da conduta
baseado todo dia calcinado no tubão
fazer fita nas lojinhas enquadrando de oitão
as mina tudo gosta e paga pau pra nóis
quando tamo no estádio cantando o hino só na voz
descendo os bandeirão, arrastão pelas ruas
rojão nos rival e pedra nas viaturas
meu pai nem imaginava que tinha largado a escola
que eu era um criminoso agora viciado em drogas
tipo lavagem cerebral, fizeram eu mudar
odiar outras torcidas só pensar em matar
quem tivesse camisa diferente da minha
nunca tinha matado virei pitbull na rinha
pr-nto pra matar quando meu dono mand-sse
ainda não sei que vermelho é esse na minha face
minha mãe, meu irmão vieram me visitar
duas horas da tarde tinha acabado de acordar
noite p-ssada dificil fomos puxar um carro
o boy reagiu e acabou todo furrado
não foi eu, foi meu truta que matou
via na minha mãe a mulher pedindo por favor
pra que não mat-sse nem ferisse seu filho
e acabou em latrocinio
eu com dezessete meu irmão com dezesseis
fico imaginando como sera minha vez
perguntei pra minha mãe como é que ia a vida
ela preocupada meu irmão ta na torcida
fiquei meio sem graça de falar que eu também
comecei a notar o mal que isso tem
ela falava chorando que tava bem dificil
que ele roubava em casa pra manter o seu vício
no desabafo da coroa tava vendo a minha história
meu irmão do mesmo jeito só derrota sem vitória
depois daquele dia nunca mais foi igual
andar drogado nas ruas já me fazia mal
na tatuagem do coringa só via tristeza
nas reuniões na sede sem festa só frieza
eu ia pro estádio já não tinha empolgação
nas brigas de torica só pensava no meu irmão
cai na real e vi oque nós fazia
não era torcer pro time era torcer pela agonia
agonia que senti do meu truta no final
quando foi baleado e morreu no terminal
gritava debatia mas não pedia socorro
olhava pra mim dizia \”pelo vila que morro\”
mas liga só oque eu nunca entendi
enquanto jogador ta rico nóis se mata daqui
um dos líder convocou uma certa reunião
só com alguns membros entrei no carro sem noção
do que se tratava foram logo perguntando
falavam que ultimamente eu andava moscando
eu sem entender disse que não tinha nada
foram parando o carro me dando um quadrada
abriram o porta-mala jogaram um cara no chão
capuz vermelho na cara amarrado o pé e a mão
blusão da força jovem e uma velha do goiás
todo ensanguentado a camisa e o rapaz
olharam pra mim e disseram pra provar
se eu tava di boa era só pegar e matar
eu com frio na espinha, uma pt na mão
quando tiraram o capuz vi que era meu irmão
fiquei sem reação, não tive nem palavras
os cara botando pressão e eu disse que não dava
quando fechei a boca começaram me espancar
crivaram meu irmão de tiro e eu nem pude ajudar
desmaiei com tanto chute pedrada na minha cara
quando acordei tava dentro de uma vala
meu irmão sem vida do meu lado foi jogado
os bombeiros me levaram pro hospital desacordado
seis meses depois me encontro tetraplégico
sem muito tempo de vida desenganado pelos médicos
vejo que o vermelho não era do vila nem do tigrão
era meu próprio sangue o sangue talhado do meu irmão
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