letra de vozes - chicote
depois de duas bottles de vinho, decidi sair um bocado
um puto passou no meu caminho, cravei-lhe um cigarro
deu-me o último do maço, viu nos meus olhos o diabo
até os g’s que ‘tavam no espaço me fizeram sentir respeitado
hoje eu não ‘tou nada bem, hoje eu vou matar alguém
dentro de mim paira só mesmo raiva e desdém
só sobra meter mãos à obra, e eu até já sei em quem
alguém que eu odeio que o meu coração retém
subi o seu prédio a sério não еu faço ideia como
mas quando cheguei ao cimo еu ouvi um ganda estrondo
alguém ‘tá aqui comigo porque eu sinto uma presença
e de repente oiço vozes na minha cabeça
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
desci escada a escada, onde é que ‘tá essa cabra!?
a minha faca virou espada, o cão dela já não ladra
a mãe dela chamava-me de otário, virei-lhe a cabeça ao contrário
pensavam que era conto do vigário, fiquei doente com este cenário
onde é que ‘tá o quarto dela, vou —— aquela cadela
partir-lhe uma costela, queimar os olhos com uma vela
deixá-la fugir tipo gazela, depois cortar-lhe a goela
tanto que a minha cara revela, que ela quando me vê congela
eu peguei-lhe pelo pescoço, elevei-a na parede
tens um corpo cheio de sangue e eu tou cheio de sede
mas não vais morrer já, vou ver se o tempo rende
e as vozes que ‘tavam a falar, voltam para mim de repente
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
já não há nada que a salva por mais que ela faça
ela grita, esperneia, para se ouvir na praça
rasguei os lençóis, improvisei uma mordaça
e ela muda a tática para evitar a desgraça
tenta dizer o que eu quero ouvir, como se eu fosse uma criança
ela no fundo ainda tem uma réstia de esperança
e eu ainda sinto influência do olhar que me lança
mas já tou tão enrolado nisto como se fosse uma trança
vou à cozinha buscar facas, trago umas quantas comigo
ela vê no meu rosto que eu ‘tou bem decidido
vou fazendo desenhos de arte com os cortes que lhe aplico
ela nota que abano a cabeça e tenho coisas no ouvido
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
mata, corta, mata
agora ela só chora, com o sofrimento que a devora
a quantidade de sangue piora com a minha demora
enquanto a minha faca esfola, aprecio a banda sonora
depois de um quarto de hora oiço um barulho lá fora
é a bófia, alguém ouviu, entram no prédio vinte e tal
dou-lhe um beijo na boca, aplico um corte gutural
enquanto ela perde a vida eu penso depois num final
agarro da parede espingarda da guerra mundial
quando virem aqui à volta, verão a dura revolta
os atos de alguém para quem a vida não importa
sangue, um canino e uma família toda morta
aponto a espingarda à cara e quando eles abrem a porta
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