letra de deserto de palavras - checklist
[verso 1: cortez]
aprendi a me acostumar com todas as estações
adaptar tipo camaleões
nas camadas do véu das emoções
sigo, somos só instinto
lido com o que foi tirado do lixo
arrotando poeira
deixo e recebo um tanto
sendo o mistério do planeta
a cada ocasião, são josé pelas calçadas
sendo nada em meio ao tudo
pensando em nada, fazendo muito
ressaca brava
distorção do mundo na noite p-ssada
olheiras no céu da mente cansada
p-ssarinhos me mostraram pra onde o vento joga
então se joga!
foda-se seus dados
sei quanto vale cada linha que eu faço
ficando calvo de tanto ouvir que tudo p-ssa
nada vem de graça
organizando os planos
acostumado com as desgraças
farsas, armadilhas e armas
no laboratório, eu lavo minha alma
muita calma antes de imprimir at-tudes erradas
ganho a malícia no olhar, nem arruma nada
[refrão: cortez]
não basta só acreditar
em meio às flores
tantos espinhos
é fácil se machucar
o caminho fácil fica estreito
nem sempre tem um jeito
brasileiro acostumado com o pior
que dó!
não basta só acreditar
em meio às flores
tantos espinhos
é fácil se machucar
o caminho fácil fica estreito
nem sempre tem um jeito
brasileiro acostumado com o pior
que dó!
[verso 2: mogali]
nascido em hospital qualquer de são josé
de são esse josé tem quase nada
fui descobrindo pouco a pouco sobre a vida
até descobrir que não tinha saída
única forma de ser lembrado
era vivendo a vida
deixou solidão e parentes pra conhecer vias
dormiu em rodovias
era sempre acordado pelos pássaros no novo dia
seguia a voz que cantava na mente
pra não se prender entre scripts
escritos por robôs dessa era fudida
estar com quem amava era o que mantinha
constantemente a chama viva
a calça mais larga do armário
magro de ruindade
escapulário no pescoço, rap até o osso
palavras que sentia mais amor no simples do que no sensato
sóbrio demais, nunca o chaparam
dormiu em calçadas
fez companhia pra cachorros e bancos de praça
amava o sútil gosto amargo dessa madrugada
são gírias e pragas
um terno usado, danificado pelo mercado
brasileiro enriquecido por bafo quente dessas pragas
rezas são como mágicas
e eu to tipo bruxo
tragando o mundo, soltando tudo
e eu to tipo bruxo
tragando o mundo e soltando tudo
eu via mais deus nessas ruas do que no culto
corre pra não ter um chip na testa
o que te resta? o que te resta?
são ‘ser-humanos’ mecanizados
rap, palavras
espada, escudo e cajado
meus pés servem pra deixar os rastros
pegadas no deserto de palavras
[verso 3: brenno]
sente o peso da caneta
idade da pedra voltando igual uma pedrada na cabeça fraca
enquanto a mente empaca
meu caminho destaca o que tem que ser lembrado
celebra o que tem que ser celebrado
então não deixa o que p-ssei de lado
panela depressão queimava os neurônios
eu trancado no meu quarto
no quinto dos infernos
no s-xto andar do sétimo hospital da rua
e às oito da manhã a vida continua
eu pensava que continuaria
mas o dia não nasce quando a noite vai
eu pensava que continuaria
mas vi deus no meu espelho e ele me chamou de pai
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