letra de romanceiro de estrada e posto - césar oliveira
me alcança o mate do estribo morena
que eu ronco a cuia lhe roubo um beijo e busco a volta
abano o pala num aceno e a alma chora
e estrada a fora o teu amor me faz escolta
sempre que a lida me convida a andejar
encho os “peçuelos” de saudade na despedida
entrego a ti meu voração de estrada e posto
e levo o gosto dos teus lábios na partida
levo a essência campesina do teu corpo
fazendo inveja a uma flor que me sorriu
e a melodia da tua voz meiga e serena
na cantilena da sanga buscando o rio
tem uma tropa me esperando lá no p-sso
pingos de muda pra pisotear horizontes
o compromisso de chegar no dia certo
e um cusco esperto que se agranda num reponte
uma tapera se desenha lá na volta
do corredor que mais adiante pecha o céu
e na culatra poeira fina que levanta, volta e se acampa
na quincha do meu chapéu
meu melhor flerte
olha de volta pra querência
campeio as garra e a tropilha se alvorota
num trote largo pra volver o tempo gasto
repisa o rastro que ficou daquela tropa
o sol de maio
recolhe a estampa colorada
mudo o cavalo antes que a sombra me alcance
de noite a lua acende a prata do lombilho
trazendo o brilho dos teus olhos num relance
quero chegar com a madrugada na garupa
e a estrela d’alva da testa do meu picaço
soltar pra o campo quem venceu tanta distância
e matar a ânsia no catre do teu regaço.
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