letra de na solidão de algum posto - césar oliveira
solito e manso na solidão de algum posto
pensando longe mateio bombeando a lua
quando a lembrança se potreia e vira as garra
sempre me agarra sentindo saudades tuas
se eu não tivesse que andar rolando o mundo
guasqueando a sina de ter nascido encruado
acolherava minha estampa em tua alma
serena e calma eu deixava de andar alçado
foi o destino que fez com que eu me perdesse
pela distância que se agranda e me carrega
com meu sombreiro debochando das tormentas
das que arrebenta escabelando macegas
de ponta a ponta vou cruzando esta querência
golpeando potro e pechando boi nos refugos
pois não me entrego nem pra o guascaço mais forte
só mesmo a morte pode me quebrar o sabugo
pra querendona flor de prenda meu amor
eu ofereço minha estampa de campeiro
e se o tempo não se fizer de carancho
eu ergo um rancho n’algum recanto fronteiro
pra escora o golpe das galopeadas do inverno
e vento que -ssovia das bibocas
a quincha grossa de santa-fé e estaladeira
será trincheira pra um teatino e uma chinoca
e quando o sol brilhar mais cedo e mais forte
e a primavera alvorotar o meu rincão
serei mais taura em domas e gineteadas
das campereadas erguerei poeira do chão
e a flor mais linda que florescer será ela
frente ao galpão no clarão de um riso largo
pra me dá um beijo quando eu voltar estropiado
pedindo agrado de carinho e mate amargo
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