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letra de voando baixo - caio martinez

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eu andava de sopa de um lado pro outro
era de vento em popa, boteco em boteco
era um teleco-teleco, malandro com asa
não parava em casa ia voando baixo

não sossegava o facho e até segunda feira
ia raspar o tacho lá na gafieira
e fazia besteira
descomposturando os modos do lugar

peguei a dama de um jeito estranho
que até a banda parou de tocar
e no calor do momento
sem constrangimento segui a dançar

um segurança me puxou o braço
quase perdi o comp-sso
mas não levei rasteira
saí na capoeira de navalha na mão

eu era folha ao vento desviei pernada
premeditei a jogada com muito talento
deixei a zaga inteira de coluna torta
driblei até á porta estava ao meu alcance

mas mudei num relance a minha direção
pois vi o camburão cercado de polícia
e o delegado brabo
olhando lá de fora com três oitão

pra piorar a minha situação
um batalhão na porta lateral
era o pai da cabrocha
o tenente rocha com o general

chegou meu funeral, pensei
acabou a novela
senti o cheiro de vela
ouvi os sinos de capela, pressenti meu final

mas não entrego a navalha e segui na batalha
ia voando tudo: cadeira, garrafa
bandeja de garçom ali virou escudo
quando a bala pegou

tinha homem chorando e veado batendo
deu mulher brigando e marido fugindo
e a orquestra tocando
só parava o som pra desviar da bala

o batalhão teria erguido a taça
não fosse a minha cabrocha
pegou a arma do rocha
e foi queimando o berro até sair fumaça

era malandro voando na praça
naquela correria
quem conhecia sabia
quando a nega embrabecia fazia desgraça
não podia ver cachaça!

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