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letra de demasiado - c57

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marquei um caminho em tão pouco tempo
a deixar-te na tua, evitar o fight
e sim foi sozinho que eu fui descendo
pa’ acabar na lua a fumar um night
eu tou de alma imersa no meu alento
talvez o que amava ainda me retrate
há tanta conversa que eu não entendo
há tanta palavra que nem me bate
porque hoje eu tou longe e não há resgate
é sem pagamento e tinteiro pr-nto
a minha vontade era de acordar-te
sei que a mente vai no terceiro sono
e agora eu ‘tou fora e que o frio farte
eu já vi o que arde, é mais uma ponte
e se o fim não espera, eu sofri-o tarde
mas tentei poupar-te e não vejo como
não vejo como
não vejo como
não vejo como
não vejo como
não vejo como
não vejo como
não vejo como
não vejo como
não vejo como expressar
ou se é mais simples ouvir
levo pensamentos a nada
e já ‘tão mais limpos ao vir
um beijo tocou-me na cara
a cota a dizer a sorrir
quedas são parte da estrada
a rota é saber cair
eu trago pedras no bolso
revolta a prender às focais
palavras, eu levo-as no gozo
de volta a aprender as vogais
e quando eu mando moedas ao poço
‘tá tudo a querer saber “tu vais?”
falam-me as trevas eu ouço
e na falta é só viver mais
passei anos a ir ao fundo, tentei demasiado
pensei em curar o mundo e dei demasiado
tracei planos num segundo, errei demasiado
bem sei, sem mudar de assunto, mostrei demasiado

e eu nem vou dizer que eu não me arrependo
que em muitos aspectos já vi que sim
tentei perceber tanto sentimento a correr cem metros em vinte cinco
não troquei o tema, e de quem dependo?
se eu ‘tiver na merda
no meu recinto contei uma dezena
e vai descrescendo
que o círculo aperta ao apertar o cinto
é normal que a lista vá reduzindo
não tendo prefixo, alguém conhece?
projectei o mundo e o meu ruíndo
mantendo, previ que também se esquece
que o silêncio é de ouro e nunca bem-vindo
aquilo que eu fale é pa’ quem merece
mas sim, dar aos outros é muito lindo
até que te falte e ninguém te oferece
e agora onde pára essa gente?
e a verdade, onde é que ela mora?
há sempre uma cara diferente
diz-me: com qual falas agora?
se tudo mudar de repente
com quantos tu contas na hora?
se é pa’ incomodar eu ‘tou dentro
é só pa’ calar? eu ‘tou fora
o que eu sinto nunca se omite
falamos assim de onde eu venho
eu sei confiar é puxado, se apagas a dor com desdenho
se a tinta passar do limite sa foda
pintamos a borda ao desenho
se tu vais buscar o passado é na boa
não tragas p’ra mim que eu já tenho
passei anos a ir ao fundo, tentei demasiado
pensei em curar o mundo e dei demasiado
tracei planos num segundo, errei demasiado
bem sei, sem mudar de assunto, mostrei demasiado

demasiado

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