letra de fantasma - c57 x rizz
há uns anos, era eu um rebento e num sentimento de revolução
procurei o refinamento de pensamento na evolução
a resolução mas sem intenção, depois do berçário veio o mistério
então chamaram os cotas ao infantário e disseram:
as emoções que manifesta não costumam vir de quem usa bacio
não é raro o que ele contesta, o silêncio parece ser um desafio
explica que a vida é funesta na filosofia de quem não quer ver
recusa-se a fazer a sesta, diz que descansa quando morrer
há um problema com este rapaz… teimosia tende a ser mau sinal
parece que a jaula não o satisfaz! tanta rebeldia não é normal
a autoridade não é eficaz, o comportamento é disfuncional
quanto mais mandam menos ele faz, olha de lado e responde mal
mas -n-lisem e digam vocês, só o entusiasma o conceptual…
vejam bem o desenho que fez! diz que o fantasma no meio é real
que é parte da vida e é recorrente, que existe em nós e mata lentamente
que -ssalta a voz e o subconsciente, e de olhar feroz nos rouba o presente
atroz é a hora, mas agora entende: quem o ignora e não o compreende
não vê, de fora, como nos prende esta sombra que aflora e que mora na mente
exigente decora a virtude e limita quem não se conhece e receia
prudente recorda e ilude: quem perdeu a fome, adormece sem ceia
sorridente não desilude, pois vai confortar quem conhece a plateia
doente procura quem mude para se transformar naquilo que odeia
dinheiro na mira e ganância na veia, o que importa é mostrar a bela figura
vulgarmente na vida p-sseia, conforta brilhar na grande estatura
contente de ser infeliz, eficiente e prudente que diz sem dizer
lamentavelmente que: simplesmente não se quer, sequer, conhecer
mas fingir satura e bloqueia, acaba por cingir um ser a servir
a estagnar, a ceder, a calar e a perder a vida sem partir
numa existência que se encena, o fantasma prende e condena
aliena e leva a consentir esperar que o tempo acabe e que a vida venha a seguir…
as frases que ele formula não costumam ser de quem usa chupeta
avisa que a alma ac-mula a frustração que o corpo mete na gaveta
explica que o tempo calcula e faz com que uma satisfação se prometa
diz que o dinheiro rotula e que contar com ele é uma mera gorjeta
há um problema com esta criança… fala de valores e falsa etiqueta
insiste que a vida balança na esperança da nossa silhueta
avisa que pelas garras da lembrança, toda a razão se torna obsoleta
e que vamos cedendo na dança para que o ego não nos comprometa
que por vezes ao vir a mudança é a semelhança que se denuncia
faz da dor a herança, através da qual o fantasma nos influencia
lá no desleixo na mente casta, cujo contexto são copos na tasca…
é pretexto para conversa rasca, a hora de fecho é notícia nefasta
no pesadelo que não se afasta, zelo e medo metidos na pasta
e no fundo dizê-lo não basta há que reconhecê-lo: a vida é madrasta
devasta aquele que isola, esclarecido que ser livre é comédia
e vasta, em tão gasta sola, desola porque a esmola virou tragédia
contrasta, pois quem desconsola, ficou convencido que tomou a rédea
arrasta quem não o controla, para o fazer sentir-se abaixo da média
enrrola aquele que duvida e se toma por um ser pré-determinado
-ssola quem sofre em silêncio, porque calar é ser bem educado…
gesticula quando traduz: “ser obediente é ser um pau mandado”
simula a doença e introduz o paciente ao sintoma diagnosticado
mas fingir reduz e humilha, pois vota o ser a não ser apreciado
a parar, a largar… porque sonhar perde o significado
numa existência que se encena, o fantasma prende e condena
aliena e leva a consentir esperar que o tempo acabe e que a vida venha a seguir…
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