letra de romance de terra e pampa - berenice azambuja
ando a galope do vento, cruzando o pampa enorme
sou a c-xilha que dorme, solita, no descampado
sou o mugir triste do gado, que dá o rumo das aguadas
sou noites enluaradas, deste meu chão colorado
saí das entranhas da terra, sou um pouco de areia e rama
ouço uma voz que me chama, quase em silêncio profundo
sou o velho sonho oriundo, dos tempos da mocidade
sou lasca de uma saudade, que vem lá do fim do mundo
sou alma perdida que habita, o silêncio das taperas
sou cantoria dos cuéras, no horizonte que se esteia
sou o minuano que jardeia, na fúria dos temporais
sou o canto dos pastiçais, que nos ventos gineteia
sou batalhas guaraníticas, sou flecha, lança e tacapes
sou guarani,charrua ou tapes, sou visão, sou visageiro
sou picomã de candieiro, sou agouro dos pelinchos
sou peleia e bochinchos do meu pago missioneiro
sou os versos dos poetas, de pura cepa crioula
sou o canto triste da rola, cantando no meu rincão
sou gaúcha meu irmão, a mulher que canta triste
sou a tradição que resiste, laçaços da evolução
sou filha do vento xucro, sou neta da ventania
meu grito se ouve ao longe nas canhadas e serranias
sou o sangue do gaúcho, nesta minha terra bravia
sou o canto triste do anguera, sou a própria filosofia
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